António Poiares Batista: “Ter 89 anos e ainda nadar? Sou um tipo com sorte”

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Nada por gosto e não dá sinais de cansaço. António Poiares Baptista tem 89 anos e é o menos jovem nadador português em atividade. No passado fim de semana, participou no Meeting de Masters 4 Maravilhas da Mesa da Mealhada e estabeleceu o primeiro recorde nacional do escalão N (90-94 anos). Em entrevista ao Chlorus, não se considera um exemplo mas sim “um tipo com sorte”.

“Tenho sorte por chegar a esta idade sem ter problemas de saúde e poder fazer aquilo que faço”, refere o atleta da Académica de Coimbra, que registou 1.06,91 nos 50 livres e 1.15,63 nos 50 bruços.

Bem disposto, António Poiares Baptista desvaloriza os tempos e brinca com a situação. “Sou recordista porque sou obrigado a sê-lo. Já na categoria anterior, dos 80 aos 85, fui recordista porque era o único. Julguei que houvesse pessoas da minha idade que também andassem a nadar, antigos nadadores, por exemplo, mas infelizmente não há”, lamenta.

Praticou natação e voleibol no liceu mas assim que entrou para a universidade o seu desporto passou a ser agarrar-se aos livros. Foi médico dermatologista, professor e vice-reitor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra e diretor de um hospital. Aos 70 anos reformou-se e precisava de se manter ocupado.

“Na altura já havia piscina olímpica aqui em Coimbra e fui para lá. Comecei por ir de vez em quando, mas os colegas que lá andavam entusiasmaram-me e hoje em dia vou três vezes por semana, ando lá para trás e para diante e é assim que passo o meu tempo”, conta Poiares Baptista, acrescentando que foram também os “colegas e amigos” que o convenceram a competir e a entrar nos Masters.

Quando não está na piscina, Poiares Baptista gosta de estar em casa a ler ou a “fazer bonecos”, não fosse a pintura, outra das suas paixões. “A pintura é mais inteletual e a natação é mais física, há dias em que me apetece mais pintar, outros em que prefiro nadar.”

Enquanto médico, o nadador da Briosa sabe melhor que ninguém da importância da atividade física na sua saúde e bem-estar. Além da natação, gosta de andar a pé e tem o “cuidado de não engordar”, embora não faça “nenhum regime especial”.

Dos tempos em que exercia em Coimbra, o ex-professor diz sentir falta do contacto com os alunos. “Sempre gostei de dar aulas, ajudava a sentir-me vivo, mas das funções que desempenhei, confesso que a que mais me entusiasmou foi ser diretor do hospital. Fui diretor numa época boa, a seguir ao 25 de abril, e foi possível fazer várias mudanças que até aí não se tinham proporcionado”, recorda.

A competir num novo escalão, o mais velho nadador português vai continuar a ser o detentor dos recordes durante, pelo menos, mais três anos. “Fui recordista na categoria anterior, depois apareceu um colega de Lisboa, três anos mais novo que eu, e bateu os meus recordes. Sei que durante os próximos três anos não vou ter adversário, a não ser que apareça alguém” (risos).

No final do mês de janeiro, António Poiares Baptista vai estar presente no Open de Inverno, em Sines. Em julho, Famalicão será o palco do Open de Verão em piscina longa. Com ou sem adversário, lá estará para defender os recordes.

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