Uma Nação a Nadar Melhor

 
  

A Natação e o seu crescimento para os patamares de excelência propostos têm-se revelado um processo muito complexo à semelhança do que vamos encontrando no processo de treino para desenvolvimento dos nadadores que dia-a-dia vão trabalhando nos clubes com os seus treinadores. Da mesma forma que não podemos retirar grandes conclusões da observação segmentar da técnica de nado com vista a um resultado global, não podemos analisar os projetos em curso de forma isolada.

A produção de documentos técnicos e com linhas de orientação de atividade tem sido muito profícua. No decorrer do ano de 2015, a Federação Portuguesa de Natação desenvolveu o “Manuel de Referência FPN para o Ensino e Aperfeiçoamento Técnico em Natação” e o documento guia e informativo sobre o “Projeto Portugal a Nadar”, sendo estas 2 ações previstas no Plano Estratégico 2014/2024 (documento criado em 2014) “Portugal a Nadar com Talento: Rumo à Excelência”.

Foi dado o pontapé de saída a uma ideia que se tornou num grande projeto. Recuso acreditar que a génese do projeto tenha tido apenas o propósito de apenas aumentar o número de filiados na FPN, uma vez que esse aumento não nos permite afirmar que aumentamos o número de praticantes de natação. Por esta razão a adesão ao “Portugal a Nadar” tem tido ao longo dos tempos uma associação exclusiva ao aumento do número de filiados, em vez de ter uma conotação direta com a valorização da escola de natação, como uma escola de ensino de excelência, que por si só tenha a capacidade demonstrativa da qualidade existente não só em termos de procedimentos, mas principalmente no processo de ensino-aprendizagem. Se assim fosse, apenas estaríamos a falar de números, desprezando que a melhoria das escolas de natação deveria traduzir um natural aumento da procura, fruto da excelência de ensino apresentada aos futuros clientes. Muito provavelmente a longo prazo, uma melhoria significativa da qualidade técnica dos potenciais nadadores poderia elevar a qualidade geral da natação portuguesa. A certificação e a qualidade das escolas de natação não deviam ser alcançadas por uma mera organização burocrática de expediente, em vez de uma interação entre as diferentes entidades envolvidas, no sentido de encontrar melhores forma de organização dos espaços aquáticos, do ensino por níveis, dos escalões etários, organização dos planos de aula, progressões pedagógicas, formas de controlo e avaliação das progressões, informações específicas e corretivas de determinados erros técnicos observados. Certamente que uma certificação que tivesse mais em consideração estes aspetos poderia ter consequências positivas na evolução de cada escola de natação. Tenho esperança que a ideia se torne efetivamente em algo realmente grandioso com uma natação a nadar cada vez mais e melhor.

Isolar esta temática do “Portugal a Nadar” dos resultados alcançados ao longo dos últimos anos parece-me algo impensável, partilhando com o atual presidente a opinião sobre a importância de promover a manutenção dos atletas de elite como referências/embaixadores das modalidades com possíveis iniciativas junto dos mais novos. Retirando a homenagem ao Diogo Carvalho no Nacional de piscina curta realizado em Felgueiras (2013) e dos prémios atribuídos na I Convenção da Natação realizada em Rio Maior (2015), não me recordo de ver mais nenhuma atividade que tenha ocorrido para promover essa intenção. Seguindo esta linha de pensamento, parece-me importante perpetuar os resultados do José Couto, Arseniy Lavrentyev, Diogo Carvalho e agora Alexis Santos, para que os mais novos nunca se esqueçam que já chegamos às medalhas. Não podemos restringir a história da natação portuguesa a uma página de frases que constam no site da FPN.

A natação portuguesa tem capacidade e necessita de valorizar os resultados que alcançou com muito trabalho de inúmeros agentes desportivos e que dessa forma consiga catapultar o aparecimento de novos seguidores. Acho que este caminho terá apenas um sentido, conduzindo às piscinas cada vez mais crianças, querendo seguir o exemplo daqueles que alcançaram o mais alto rendimento desportivo.

Desta forma, penso ser possível valorizarmos o presente e o passado, tornando viva a memória dos melhores momentos da natação portuguesa, seja em vídeo, fotos ou ações promocionais. Deixo aqui apenas algumas de muitas sugestões que poderão surgir como contributo para a valorização que tanto precisamos:

– Decorar as viaturas da FPN com imagens dos momentos marcantes da natação portuguesa;

– Filmes promocionais com os mesmos momentos disponíveis na primeira página do site da FPN;

– Estacionário da FPN com marca d`água das medalhas ou medalhados em grandes competições internacionais;

– Lonas alusivas aos nossos melhores valores do passado e presente para decoração dos diferentes espaços alvo de competições nacionais;

– Criar um espaço em competições nacionais para entrevistas rápidas efetuadas pelo departamento de marketing da FPN e divulgadas e disponibilizadas na primeira página do site da FPN;

– Convidar figuras públicas e mediáticas que, num passado recente, tiveram relacionamento com a modalidade e que atualmente encontram grande visibilidade nos meios de comunicação nacional.

Chegou a hora de chamar os medalhados às piscinas para ações promocionais da natação portuguesa e dos próprios, ações capazes de levantar o interesse em potenciais apoios para a natação e para os próprios. Provavelmente conseguiremos uma natação mais profissional e mais dependente de si própria.

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