Todos(as)… do mesmo lado!

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Gostava de iniciar esta crónica com um pequeno apontamento sobre o título em epígrafe. E, para que fique perfeitamente claro, eu estou do mesmo lado. Do vosso lado! Fale-se de treinadores, selecionadores, praticantes, dirigentes, árbitros e eventuais outros agentes do polo aquático nacional. E, o que se escreve de seguida, é mesmo (apenas) uma opinião, mas que procurará ser fundamentada. Posto isto, vamos tentar analisar as duas participações portuguesas nas designadas fases de apuramento do “Europeu” de Barcelona, onde fomos eliminados (masculinos e femininos).

Não acho de todo alguma vez houvesse grandes hipóteses de se conseguir o apuramento em masculinos. Apesar das notas saídas regularmente no site da fpn, mobilizadoras e motivadoras, mas, com fasquia elevadíssima, a realidade é que as equipas eventualmente nossas adversárias no play-off eram fortíssimas. Os respetivos campeonatos são bem mais competitivos que os nossos, semi ou mesmo profissionais e, no caso da Eslováquia, era mesmo claramente acima de nós. E tal comprovou-se na prática. Talvez se conseguisse melhor em Santa Maria de Lamas onde se perdeu por 12 golos, um resultado deveras desnivelado. Mas, agora é fácil de concluir. Fica, no entanto, um grande trabalho realizado em torno da seleção ao longo destes dois anos – mobilização de piscinas e respetivas autarquias e/ou instituições, vitórias consolidadas ante países da nossa e até superior dimensão, níveis de jogo e de desenvolvimento técnico-táticos superiores e uma derrota por apenas um golo ante a Ucrânia. Por vezes, perder determinados jogos à tangente, pode significar muito mais e melhor que vencer outros. Será este o caso, na minha opinião. Foi um jogo memorável para a nossa seleção e que significou uma subida de patamares muito importante num eventual ranking europeu, que, contudo, não chega ainda para o top 16.

Já em femininos, os resultados foram claramente inferiores. Não é de agora que entendo que o polo feminino precisa de ser debatido e refletido. O nosso campeonato é muito débil do ponto de vista competitivo e o jogo em Lisboa que era preciso recuperar quatro golos a Israel, revelou fragilidades várias na estrutura, claramente à procura de um novo momento (que mais cedo ou mais tarde terá forçosamente que acontecer) e que tem a ver com a renovação da equipa e das suas jogadoras, algumas delas, sem dúvida, do melhor que há em Portugal… mas que não treinam o que deveria ser suposto para as exigências dos desafios. E, será, seria importante e decisivo que se desse entrada às novas atletas já selecionadas (que melhor ou pior, e mesmo com níveis técnicos inferiores) vão evoluindo nos principais clubes. É precisa maior integração na seleção, e, muito importante… aceitação pelas mais velhas das novas jogadoras. O futuro pertence-lhes. Ainda mais no feminino onde a base de recrutamento é mesmo muito exígua em Portugal e, neste caso, há condicionantes a ter em conta – a maternidade – por exemplo.

Como balanço final de ambas as participações, Portugal tem o seu lugar no polo aquático europeu. Estamos lá. Na luta. Nos apuramentos. Nos torneios, nos estágios de preparação e esta federação tem apoiado a modalidade, mesmo arriscando os eventuais desaires como aconteceu. Podemos estar mais ou menos frustrados, mas nunca nos esqueçamos que os outros e as outras também jogam. Israel no feminino apostou muito. É um país com dinheiro e tinham aqui uma grande chance e… agarraram-na. Já no masculino talvez sirva de consolação ver onde está a Suíça – um país que sempre se nivelou connosco, mas que agora já ultrapassamos. A Suíça investe sempre muito e tem sem dúvida alguma um campeonato bem melhor que o nosso. Queríamos todos e todas mais? Claro que sim. Mas sejamos humildes e justos nas análises realizadas.

Portugal não vai aos Europeus, mas vai estar no próximo verão a participar nos Jogos do Mediterrâneo, em femininos e masculinos, uma prova fantástica e prestigiante.

Seguindo o título desta crónica, será importante estarmos todos e todas do mesmo lado e a família do polo aquático nacional deverá perceber a importância dos consensos e das políticas a seguir, mas também deve forçar em sede própria, uma discussão dos assuntos mais ou menos polémicos, que deverá chegar a mais pessoas para se alcançar outros objetivos. Neste debate de ideias, a renovação (urgente) do quadro de jogadores e jogadoras selecionados, a utilização de novas formas competitivas visando melhorar os níveis atuais dos campeonatos em Portugal e a inclusão no processo dos treinadores de todos os clubes envolvidos, os únicos conhecedores do designado “país real”, entre outro tipo de ações, devem ser itens a desenvolver. E, na minha opinião, deverão ser promovidos, neste momento decisivo, pela “nossa” entidade máxima e principal – a FPN – Federação Portuguesa de Natação, junto dos seus filiados – associações regionais, clubes e respetivos representantes.

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