
Parece que há esperança! Esperança de desconfinar progressivamente o desporto, neste caso concreto a prática e competição da natação pura.
Este plano de desconfinamento, que foi apresentado pelo governo, fez acordar todos os dirigentes, treinadores e atletas. Todos estão cheios de vontade, prontos para arrancar, o que é muito bom para levantar a moral e a motivação, apesar que todos sabemos que iremos depender dos números de 15 em 15 dias.
Mas, pessoalmente, gosto de ver todos os intervenientes “vivos”, de volta!
A Federação Portuguesa de Natação deu um “pontapé de saída”. Neste caso, podemos dizer um sinal de partida para o regresso das competições ao apresentar um calendário para as provas nacionais.
Concordo! Penso que faz todo sentido, é uma forma de pressão para que todos os agentes à volta da modalidade regressem, sintam esperança para voltarmos a ser felizes no que gostamos.
Mas apenas acredito que poderemos recuperar essa alegria se formos todos solidários. O que quero dizer é que sinto que todos nós, durante todo este processo de confinamento e desconfinamento da Covid-19, não fomos solidários com todos os agentes.
Começo pelos dirigentes, pessoas que de forma voluntária fazem o nosso desporto “andar”. Muitos deles, durante esta fase, viram a sua federação em apuros, a sua Associação Territorial ou o seu respetivo clube. Acredito que alguns, se não, a sua maioria, durante esta fase sentiram grandes mudanças na sua vida pessoal. Acredito que começaram a pôr em causa todo o seu esforço e dedicação à causa ao ver tudo a “cair”. Por outro lado, também sentiram e tiveram mais disponibilidade para as suas famílias, até para o próprio, que antes era despendido em prol da modalidade. É a realidade! Sem estes agentes não haverá desporto. Por isso, temos que os respeitar, motivar e articular da melhor forma o regresso com eles. Deixar de “empurrar” as culpas para os da FPN, ou da AT ou mesmo do clube, não nos levará a lado nenhum. Vamos juntos! Vamos ser solidários!
Em relação aos treinadores, sofreram muito. Muito mesmo!! Muitos deles a nível financeiro como pela parte da paixão e sentirem todo o trabalho e sacrifício de anos ir agora por água abaixo, pelo conhecimento do destreino numa modalidade como a natação.
Espero que a maioria regresse motivada, pois todos sabemos que, sem trabalho, alguns poderão ter mudado de profissão em busca de algo mais sustentável e seguro.
Mas a realidade é que temos de ser mais solidários entre treinadores.
Durante o primeiro confinamento, surgiu algo espetacular. Muitos treinadores juntavam-se, semanalmente, em plataformas online para discutir natação. Troca de ideias sobre a modalidade, como também uma forma de convívio. Senti que a natação era muito discutida, muita informação era consumida, foi muito bom para todos.
A partir destes momentos de partilha, foi criado um Movimento, Nãodeixesportugalafogar. Um movimento muito interessante, pensada por vários treinadores. Um grupo de treinadores assumiu o Movimento, conseguindo, por várias informações na comunicação social, criar uma onda solidária entre técnicos através das redes sociais, partilhando informações sobre a reabertura das piscinas. Até criaram um crowdfunding, em parceria com a APTN, para ajudar os técnicos que estariam a passar por dificuldades financeiras.
Mas não fomos capazes. O crowdfunding foi um fiasco, tendo apenas apoio de cerca de 15 pessoas, quando no confinamento eram muito os treinadores a pedir para que algo do género fosse criado.
Mais uma vez, temos que estar unidos mais que nunca pelo bem da modalidade.
Neste momento difícil, em que estamos a tentar retomar a modalidade, é fundamental que todos os gentes se unam, todos pensem no bem comum. Deixar de cada um pensar apenas no melhor para si, mas sim aceitar que, neste momento, devemos e temos que colaborar com todos.
Só com o apoio e união entre todos os agentes, será possível voltar a erguer a natação da forma que conhecemos e gostamos.
Desejo a todos um grande regresso. Força Natação!
Créditos da foto: LF Nunes