Sobre o Algés… e… os outros

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Não será assim tão difícil encontrar uma opinião consensual e transversal sobre o grandioso Sport Algés e Dafundo, considerado por muitos “o melhor clube português no que às designadas modalidades amadoras diz respeito”.

No meu caso, mesmo tratando-se da necessária subjetividade, habituei-me a respeitar religiosamente aquele emblema na minha atividade de jovem nadador, depois jogador de polo aquático, treinador e ainda master.

Ganhar ao Algés, fosse aos seus nadadores, estafetas e aos seus masters, foi sempre mesmo muito difícil.

Ganhar-lhes jogos ainda mais. E entrar naquela piscina emblemática e histórica foi sempre aliciante, mas… complicado.

O SAD tem um peso brutal, quanto mais não seja pelas placas de mármore ainda expostas nas suas paredes comemorativas de inúmeros festivais aquáticos de todas as disciplinas da Natação.

Este artigo é sobre polo aquático. E estou desolado com mais uma notícia de encerramento de uma equipa, desta forma, do clube português com mais pergaminhos na modalidade.

O histórico é absolutamente intocável! Presença nos Jogos Olímpicos de 1952 (a Seleção nacional era a equipa do Algés), crónico vencedor de títulos e taças e tudo o mais em todos os anos 90 com a era do treinador Nuno Paz e ainda do atual diretor técnico nacional da natação José Machado.

Formador de dezenas de jogadores e jogadoras e com a piscina Fernando Sacadura a ser palco de muitos jogos e competições (Liga dos Campeões, Torneio Hermano Patrono, e, pasme-se, chegou a ser o único local onde se realizaram todos os jogos de todo um campeonato nacional masculino, também na década de 90, casa e fora, inclusive dos clubes do norte do país.

E, vou continuar: o Algés produziu muitos nomes de referência na modalidade: António Machado (Tojo), atual treinador do Benfica, Rafael Salgueiro, Paulo Russo, o guarda-redes Francisco Rocha e, claro, a atual ou até agora treinadora e ex-campeã Helena Barros, uma senhora que, ao se falar no currículo e provas dadas, este artigo não chegava.

Não se pretende potencializar qualquer intriga ou diz que disse. O acabar de uma secção é péssimo! Tratando-se de um clube desta dimensão, ainda é mais! E se os outros pensam que não têm nada a ver com isso, desenganem-se!

Desde os tais anos 90 que, quase todos os anos (à vez), vão acabando equipas. Belenenses, Salgueiros, CPN, Portinado, Aminata, entre outros, são exemplos elucidativos. Alguns, depois, regressam refugiados em projetos débeis e sem alicerces, mantendo o polo aquático num designado e tão propagado “ambiente paroquial” que não favorece a sua consolidação. Não sei o que aconteceu no Algés, mas será uma perda para todas e todos. Mais uma!

Aos seus jogadores (as), treinadora (es), desejo que possam continuar noutros projetos. O polo precisa de todas e todos.

Numa clara contradição, neste momento, o Vitória de Guimarães está a jogar em França, na Champions, e Paulo Ramos, ex-internacional português e conceituado dirigente na Liga Europeia de Natação, tenta implementar no nosso país uma organização diferente para o desenrolar dos campeonatos. Confusos? Também nós, não temos grandes soluções para apresentar num panorama algo desconcertante, mas, apelamos, no mínimo, ao necessário alinhamento entre todos os agentes da modalidade no interesse de um bem comum maior.

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