Rui Tejo: “Levantem-se do sofá e vão nadar”

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Rui Tejo, ex-jogador de polo aquático, é atualmente atleta master da Associação Académica de Coimbra e define os treinos da sua equipa em que “alguns cumprem, outros acolhem-nos como sugestão para adaptar à sua idade, disponibilidade ou condição física”. Em entrevista ao Chlorus, Tejo deixa um conselho: “Levantem-se do sofá e vão nadar”.

Como te iniciaste nesta modalidade e o que te fez continuar até aos dias de hoje?

Comecei a nadar quando entrei para a escola primária, numa altura, logo após o 25 de Abril, em que (em Coimbra, pelo menos) havia uma enorme preocupação em massificar a prática desportiva. Pratiquei natação pura até aos 16-17 anos, depois juntou-se um grupo para começar a jogar polo aquático em Coimbra, estive na primeira equipa que aí se formou, penso que em 1986. Joguei polo durante cerca de dez anos, depois estive afastado das piscinas por algum tempo e voltei a nadar como atleta master, ao início de forma algo intermitente, e agora com regularidade, nos últimos seis anos. Para mim, é evidente a razão porque continuo a nadar: adoro nadar, antes de mais. A isso somam-se a preocupação com a saúde, o convívio com os colegas de equipa e com os amigos, muitos, que reencontramos noutras equipas e a constante tentativa de nos superarmos.

Qual o momento na tua carreira master que te emocionou mais?

Não consigo identificar um único momento marcante como atleta master. Para mim, os momentos mais importantes são os que envolvem as conquistas coletivas, da equipa da Associação Académica de Coimbra e, por isso, os Opens de Inverno e de Verão são sempre momentos especiais. Nesse aspeto, tenho de referir o Open de Verão de 2017, em Famalicão, em que conseguimos fazer participar muitos atletas que andavam arredados das lides, e tivemos a nadar, na jornada de domingo, uma colega de equipa que se casara na véspera, numa demonstração do espírito de equipa único que vivemos na Académica. Além disso, obtivemos uma excelente classificação coletiva, numa disputa que só ficou decidida na última estafeta.

Águas Abertas ou natação pura? E porquê?

Ambas, de facto. Por norma, a natação pura ocupa-nos muitos mais meses do que as águas abertas, em cada ano, e há também mais competições de natação pura do que de águas abertas. Também, sempre tendo sido brucista, tenho mais tendência para provas em piscina, mas não há dúvida que as águas abertas têm aliciantes especiais: desde logo, o facto de se nadar em espaços não confinados, às vezes com envolventes naturais de grande beleza; depois, as condições incontroláveis que podemos encontrar nas águas abertas, como sejam o vento, a ondulação, as correntes, que constituem desafios adicionais.

Sendo a Travessia Faial-Pico uma das mais desafiantes nas águas abertas, como foi para ti esta experiência?

Já fiz duas vezes a travessia a nado do Canal Faial-Pico e devo dizer que é fantástico e que quero fazer mais vezes. Todos aqueles fatores que referi anteriormente, como sejam o vento, a ondulação, as correntes, constituem fatores que condicionam fortemente a realização da travessia, o que torna tudo mais incerto e aliciante. É uma prova extraordinária, que revela uma invulgar dedicação e capacidade organizativa do Clube Naval da Horta, que consegue mobilizar cerca de 30 embarcações, uma por cada atleta participante.

Que conselho darias aos atletas que acreditam na natação master?

É um conselho inútil para os que são realmente atletas master, mas aqui vai: levantem-se do sofá e vão nadar!

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