Rio 2016, os Jogos Olímpicos (natação pura), acabaram…

 
  

Durante o ano 2013, o atual presidente da FPN, António José Silva, teve a ousadia e coragem de prometer que, nos Jogos Olímpicos, Portugal ia chegar às meias-finais. Após 4 anos de trabalho, com altos e baixos, a promessa (sonho) virou realidade. É óbvio que a conquista se deve principalmente ao trabalho diário do Alexis Santos, do Carlos Cruchinho, e da equipa do Sporting Clube de Portugal, mas a promessa serviu sempre de mote, visto que ao longo dos 4 anos foi sempre relembrada, até ser interiorizada. Ao seu trabalho diário, juntamos o trabalho de uma estrutura federativa cada vez mais multidisciplinar, que foi acrescentando “ingredientes” necessários para que o resultado ocorresse no momento certo. Portugal sai do Rio de Janeiro, não com uma, mas com duas meias-finais e por alguns momentos acreditamos que seria possível sair da terra do samba com três inéditas classificações nos 16 primeiros.

Terminam uns e começamos logo a pensar nos seguintes, desta vez em Tóquio e só daqui a 4 anos, ou melhor, já daqui a 4 anos. Podemos antecipar desde já os próximos mínimos Olímpicos, ou seja, a marca do 16º Classificado no JO do Rio de Janeiro, em cada prova do calendário Olímpico corresponderá ao Mínimo A para Tóquio 2020. A exigência aumenta e com ela as dificuldades para alcançar a tão desejada presença nesta competição. A natação mundial é cada vez mais compacta, com cada vez menos diferenças entre os grandes nadadores, por isso, e até pela experiência que tivemos com os mínimos FPN, parece-me fundamental que apenas sirvam de referência os mínimos A.

A esta distância vejo uma dúzia de nadadores portugueses com capacidades para carimbar a sua presença através da obtenção do mínimo A, assim como vejo capacidade para que se possa definir como objetivo do próximo ciclo, atingir uma classificação nos 8 primeiros.

Nas minhas palavras parece que está já ali, à distância de um braço para alcançar este desafio, mas o responsável pelo maior feito da natação portuguesa no Rio de Janeiro, no site da Federação Portuguesa de Natação deixou-nos algumas palavras de crença e algumas sugestões para as suas necessidades neste longo caminho que tem de percorrer. Alexis disse-nos: “Esse vai ser o meu objetivo durante estes quatro anos. Vão ser quatro anos muito importantes, com Europeus, Mundiais. E é preciso começar a ter melhores resultados nesses quatros anos para chegar à final e assim ser um candidato sério e não como aqui. Nunca estive, pelo menos, perto de uma final de um Mundial, apesar de ter feito medalha de bronze no Europeu recentemente. Mas é preciso mais resultados destes para chegar a Tóquio e ser um candidato”, bem como “espero que agora haja uma mudança, mais apoio aos atletas, mais condições de treino, que isso é o que falta em Portugal, na minha opinião. E eu sinto na pele essa falta de apoio para que em Tóquio possa ser diferente. Eu vou estar a lutar com estes atletas de topo, cara a cara, olhando para eles diretamente nos olhos”, frisou, indicando que da parte da Federação Portuguesa de Natação as portas estão sempre abertas para ajudar.

Analisando todas as provas de 200 estilos realizadas pelo Alexis Santos, podemos dizer que somando os melhores parciais de 50m em cada um dos estilos de nado, a marca seria de 1:58,26 (25,52+29,66+34,58+28,50), ou seja, final no Rio 2016. Não quero dizer que esta seria a marca que ele devia ter feito já nestes Jogos, mas acho que com humildade e trabalho, ele e o Carlos Cruchinho encontrarão as peças que faltam no puzzle.

Nesta fase, já não se pode falar abertamente na melhoria de capacidades, mas provavelmente numa preparação baseada no resultado e prestação desportiva desejada, onde todos os pormenores são decisivos. Só por exemplo, aconselho a verem a braçada subaquática realizada pelo nadador inglês Adam Peaty.

A minha sugestão surge de uma convicção pessoal. Temos dos melhores investigadores do mundo nas mais diversas áreas de intervenção direta com o resultado em natação, vencedores de prémios internacionais, com muitos artigos publicados em revistas de referência, por isso, acho que está na altura de contribuírem para a evolução da natação nacional. Está na altura de realizarmos estudos de caso, capazes de avaliar individualmente cada um destes potenciais olímpicos desde já, até ao último pormenor que possa influenciar o seu rendimento em competição. Está na altura de em conjunto com o nadador e treinador, influenciarem o processo de treino com vista à correção destes mesmos pormenores. Assim, termos uma Ciência ao Serviço da Prática.

Existem também questões financeiras, tais como bolsas de preparação e incentivos monetários para os resultados obtidos que merecem ser equacionados e reformulados dentro das possibilidades da FPN, clubes e eventualmente de alguns patrocinadores.

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