Recorde do Estreito de Gibraltar foi do Belenenses durante 45 anos

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Neste meu último capítulo da História da natação do Belenenses, uma modalidade que viu arder muitos documentos que davam suporte no passado, que não pode ser riscado do presente da vida do Belenenses.

O que vai acontecer nestas últimas décadas, finais de 50 a finais de 60.

Estamos perante um período que se relata através de uma vivência de um conjunto de factos que permite entender os progressos da natação nesta fase dos últimos anos.

Foi farta em acontecimentos relevantes. Dada a dificuldade em abarcar como gostaria em particular, destaco o passado na natação desportiva nacional e internacional.

Neste caso, corro o risco de ser interpretado como um contador de histórias, que se deve o seu passado no clube, mas fui uma das figuras entre tantas dezenas deles que briosamente defenderam o emblema do Belenenses.

Na área da natação pura neste período, assistiu-se a ressurgimento de um conjunto de jovens que muito se evidenciaram nos escalões de iniciados e aspirantes.

Na verdade, estes nadadores, sob a batuta de Armando Mendes e Humberto Azevedo, contribuíram decisivamente para confirmar a equipa do Belenenses como uma das primeiras de sempre no clube, na conquista de boas marcas que constituíam recordes nacionais nas respetivas categorias e até chegaram a representarem o país em competições nacionais e internacionais, como foram Maria Astrides Madeira Helena Delfina Escalão, Cidália Nogueira, Maria  Matoso Viegas, Maria Luísa Flecha Gonçalves, Fernanda Antunes, Rosa Maria Nogueira, Arminda Nascimento, e muitas outras. No setor dos rapazes conta-se os reforços Albano Fidalgo, Vasco Naia, que se juntaram, a José Manuel Pintassilgo, José Freitas Silvestre Rivero, Raimundo Alves de Magalhães Raimundo, Artur Deus Fernandes, Eurico Chalbert da Silva, Américo Arpa, Vítor Caldeira, Carlos Alberto Vieira, Luís Moniz Ribeiro, Sérgio Pereira , Guilherme Tibaldi, Alberto Morais, Miguel de Jesus e muitos outros que começavam a darem nas vistas como futuros nadadores.

Águas abertas enriqueceram de troféus o seu museu

Nesta modalidade, o Belenenses tinha uma equipa que eram super-animadores nas provas de Rio e Mar, foram muitos os troféus que conquistaram nas travessias do Porto, no Douro, Travessia do Tejo, entre Trafaria – Algés,  Pequena Travessia de Lisboa  entre Terreiro do Paço- Pedrouços, Travessia de Vila Franca Xira – Alhandra   Caxias-Paço de Arcos, e muitas outras que se realizavam por todo o país.

A equipa era constituída por Silvestre Rivero, Ernesto Severino, Raimundo Magalhães, Joaquim Lara, Ricardo Mendes, Edmundo Leal Silva, Guilherme Tibaldi, Cidália Nogueira e Helena Delfina Escalão. É outros e outras que na altura começaram a dar as suas primeiras braçadas.

Após ter sido delfim de Batista Pereira, durante muito tempo nas distâncias longas, fazendo de lebre nos treinos com o nadador alhandrense.

Foi com a experiência que ganhei, gosto até que o Armando Mendes meu amigo e treinador fez um programa de acordo com as minhas características, treinos de fins de semana no Rio Tejo e durante os dias da semana no tanque do Jardim do Ultramar.

Foi quando nasceu a ideia da Travessia do Estreito de Gibraltar. Passei a ser conhecido pelo “Papa Milhas” do Restelo.

Para uma avaliação do meu estado físico, comecei por percorrer as distâncias escutadas pelo Batista Pereira.

Primeira Terreiro-Paço-Cascais, 5h05, Alhandra-Terreiro do Paço, 4h20, Farol Boa Nova-Ribeira do Porto, 3h15m, Cascais-Costa da Caparica, 4h51m, Entre Rios-Ribeira, 4h20m.

Até que em setembro de 1961, a minha primeira tentativa não correu bem, tendo desistido com as praias de Marrocos à vista, uma forte dor no ombro, foi a causa da desistência…

Na segunda tentativa, a 16 de setembro de 1962, lancei-me ao mar nas ilhas las palmas às 12h42 e pisei a areia da praia Saynar, cumprindo a Travessia em 3h04 minutos, recorde que esteve em meu poder até julho de 2007, passando para um nadador alemão que destronou o recorde. A distância de 18km foi percorrida pelo nadador alemão em 2h58m. Portanto o recorde do Estreito de Gibraltar esteve comigo durante 45 anos e agora passa a ser a segunda marca que se espera que seja por uma eternidade.

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