Maria da Conceição, a primeira mulher portuguesa a subir o Evereste e detentora de três recordes mundiais de corrida, aprendeu a nadar para atravessar o Canal da Mancha e angariar fundos para ajudar crianças do Bangladesh.
A travessia dos 32 quilómetros está marcada para 27 de agosto, com partida do sul de Inglaterra e chegada ao norte de França, dependendo se as condições meteorológicas daquele dia forem favoráveis.
Porém, sua a principal meta é angariar 140 mil libras (166 mil euros), o que permitiria pagar os estudos de 172 crianças apoiadas pela Fundação Maria Cristina, fundada pela portuguesa há 11 anos e que já ajudou mais de 600 crianças e adultos do Bangladesh.
Em abril deste ano, instalou-se na ilha britânica de Jersey, e testou a resistência à água do mar, que naquele dia tinha uma temperatura de 10,4 graus centígrados.
Para um candidato à travessia ser aceite pela Associação de Natação do Canal tem de provar que consegue aguentar seis horas em água com menos de 15 graus.
Maria da Conceição passou o exame no início de julho, mas os treinos continuam: por semana, nada cinco a seis vezes em águas abertas, faz quatro aulas de bicicleta de ginásio [‘spinning’] e mais duas sessões de treino pessoal.
A preparação incluiu ganhar peso para aguentar as baixas temperaturas da água, comendo muito abacate, frutos secos, salmão, caril, hambúrgueres e, “ocasionalmente”, o tradicional “fish and chips’ (peixe frito com batatas fritas).
A travessia total do Canal pode durar entre cerca de sete e 27 horas, mas a filantropa portuguesa espera conseguir completar o percurso em entre 18 e 20 horas.
Maria da Conceição tem seis recordes registados no livro de Guiness, incluindo três alcançados em 2014, quando levou a cabo o desafio 777, que consistia em correr sete maratonas em sete dias em sete continentes.
Já correu várias maratonas, subiu a montes como o Kilimanjaro, Elbrus, Kala Patear, Denali e Island Peak, alcançou o Pólo Norte em 2011 e em 2013 tornou-se na primeira mulher portuguesa a alcançar o topo do Evereste.
Porém, tem sentido dificuldade em conseguir visibilidade e fundos suficientes para a sua causa, que abraçou após uma escala breve no Bangladesh.
Decidiu então criar a Fundação Maria Cristina em 2005, inspirada na mulher que a acolheu em casa perante as dificuldades da mãe biológica, para auxiliar crianças do Bangladesh, evitando que sejam vítimas de trabalho ou casamento infantil.
Além de ajudar na educação básica para as crianças, a fundação financia estudos secundários de forma a fortalecer as bases de futuras carreiras que possam garantir o sustento das famílias e resgatá-las da pobreza.