
Guimarães. A ver o Vitória-Sporting, na meia-final do campeonato português masculino de polo aquático.
Na semana anterior, os leões tinham protagonizado a grande surpresa do ano, ao vencerem por 14-11, este mesmo Vitória, atual campeão nacional.
Assim, de repente, os semblantes ficaram carregados, a piscina municipal de Guimarães estava cheia, mas algo impaciente, e estavam reunidas todas as condições para um excelente espetáculo, o que veio a acontecer.
O Vitória venceu por nove golos de diferença, mas o resultado é falso como Judas. Gostei do Sporting, fez um jogo aberto, sem táticas de contenção e a tentar discutir a contenda. Teve muitas bolas nos postes e isso foi desequilibrando, perante uma equipa vitoriana capaz e competente, que pouco a pouco foi conseguindo os seus objetivos, ganhando de forma justa, mas por números exagerados.
No outro jogo da meia-final, menos competitivo, o Fluvial Portuense eliminou o Paredes e vai discutir a final com o Vitória.
As perspetivas são de muito equilíbrio e indicia-se uma final imprevisível, mas na nossa observação de vários jogos, há um jogador que irá decidir (ou não, já o fez em anos anteriores) o rumo dos acontecimentos. Chama-se Pedro Sousa e nem estamos a entrar pelo elogio simpático e fácil. O jogador vitoriano tem um tempo de reação melhor do que qualquer outro, aliado à necessária competência técnica e vertigem do momento. Marcar e como o fazer este jogador, será o grande desafio do treinador fluvialista, João Pedro Santos.
Todos já reconheceram a mais-valia coletiva do Fluvial Portuense e ela tem estado bem vincada ao longo de todo o ano (lançamento de novos e bons valores da formação, equilíbrio nos vários setores e muita ambição de conquistar o título), mas a “chave do cofre” está mesmo em Guimarães. Quando “engata” fica quase impossível vencer este Vitória e o seu abre-latas Pedro Sousa. Todos no polo aquático português atual sabem isso mesmo e haverá curiosidade como o Fluvial vai preparar a sua estratégia.
Por seu lado, Vítor Macedo, treinador do Vitória, terá aqui também a sua cruzada. Obviamente que sabe (mais este ano do que em anos anteriores), que terá mesmo de colocar Pedro Sousa no local certo para conseguir o que pretende, porque coletivamente estará ligeiramente abaixo do clube portuense.
Terminemos com uma pequena explicação, porque sendo o polo aquático um desporto coletivo poderá ser contraditório elogiar apenas um elemento do conjunto. Não se pretende nada disso. Só que em momentos de grande equilíbrio, as estratégias vão se encaixar coletivamente e o jogador em causa, na nossa opinião, será decisivo para encontrar o vencedor. Todos os indícios assim o indicam. E gostávamos de deixar também uma palavra de esperança para o polo aquático português. O que vimos em Guimarães foi de qualidade excelente, ao nível dos campeonatos do basquetebol ou andebol. Boa organização, excelente arbitragem, fair-play e muita motivação de todos os jogadores, a quem desejo que desfrutem do momento e de uma final, que prestigie a modalidade.