Os últimos dias têm sido muito férteis em notícias relativas às modalidades no que a transferências diz respeito. A maior parte delas, com caráter sensacionalista, procuram instigar o clima de guerrilha entre clubes rivais.
Pessoalmente, vejo estas notícias como algo benéfico para as modalidades amadoras e para a valorização do desportista. Se queremos medalhas e alto rendimento desportivo, o atleta de elite tem que ter condições de treino, de recuperação, de sustentabilidade para chegar um dia a acreditar que é possível ouvir o hino nacional nos Jogos Olímpicos.
Verdade ou não, vemos nas páginas dos jornais valores de 200.000,00 € anuais para um campeão olímpico, e a recusa por valores eventualmente semelhantes para a nossa única medalhada no Rio de Janeiro, a Telma Monteira.
Internamente, na natação, vamos tendo noção dos processos de aquisição e dos valores por parte do Benfica e do Sporting. Também estes acontecimentos possam ser o estímulo que o Porto precisa para acompanhar os seus rivais neste capítulo.
A grande maioria dos clubes encara esta situação como prejudicial para a evolução da natação, muito por causa da falta de condições financeiras dos clubes. Se muitas vezes nem dinheiro existe para cumprir com todas as necessidades de funcionamento, quanto mais poder competir com os três grandes de Portugal no que diz respeito a salários/apoios financeiros aos nadadores.
Pessoalmente olho para estes acontecimentos com algum otimismo, porque fundamentalmente vejo o lado da valorização da carreira do nadador que eventualmente pretenda ser profissional e tentar chegar mais longe. Este é um facto que tem vindo a aumentar na natação mundial, onde os nadadores têm vindo a tornar-se profissionais ou pelo menos têm vindo a receber alguma compensação pela sua dedicação ao treino. Para que se verifique este facto, muitos são aqueles que ficam sem alcançar a profissionalização, pois o princípio da seletividade deixa muitos atrás de um sonho que muito dificilmente alcançarão.
Aliado a este facto, e caso o Benfica Lab ou alguma estrutura semelhante nos outros clubes também colabore ou se expanda para as modalidades, poderíamos falar de um verdadeiro Alto Rendimento, como nunca existiu no nosso país.
Afinal, quem não desejava nadar nos três grandes se as condições de trabalho fossem as melhores do país?