
Por: Gabriel Leão, do Esportes.yahoo.com
Dra. Marcella Amar hoje atua como nutricionista de alguns dos principais nomes do desporto nacional. Entretanto, antes desta passagem, dedicou 17 anos de sua vida para a seleção brasileira de natação, representando sua pátria em campeonatos mundiais, Jogos Pan-Americanos, Copas do Mundo, Copas Latinas, Sul-americanos, torneios universitários – inclusive obtendo o índice para o campeonato nacional estadunidense NCAA Divisão I.
No meio académico, também alcançou nível de excelência, sendo formada em Nutrição e Psicologia pela Universidade do Tennessee, EUA – títulos posteriormente revalidados em solo brasileiro por Unirio e UFRJ, respetivamente. Portanto apta para exercer sua profissão no Brasil e nos EUA.
Entre os atletas que são seus pacientes figuram o nadador Nicholas Santos, o lutador de taekwondo Maicon de Andrade, a jogadora de vólei de praia Taiana Lima e Guilherme Costa, do atletismo, tendo no passado atendido as nadadoras Poliana Okimoto e Ana Marcela Cunha. Em entrevista ao Yahoo Esportes, Dra. Amar fala das diferenças entre o cenário estadunidense para o brasileiro, a atuação com desportistas de alto rendimento e como trabalhar em um país com altos índices de fome.
Yahoo! Esportes: Você foi nadadora da seleção brasileira por 17 anos com atuações em campeonatos relevantes. Como nutricionista, quais diferenças nota daquele período para o atual?
Dra. Marcella Amar: Com certeza a evolução nos métodos de treino, diagnóstico no sentido de se saber com maior eficiência qual o tipo de treino aplicar com diferentes atletas e, no ramo da nutrição, certamente um melhor entendimento de vários setores. Dentre eles a hidratação, suplementação e deteção de alimentos que possam causar algum tipo de inflamação (causar indiretamente algum tipo de má absorção), dificultar o processo de recuperação entre sessões de treino e competição.
A sua formação académica deu-se nos EUA. Como é competir lá e o que o Brasil pode aprender do método americano? Estamos muito longe deles?
Certamente, no meu ponto de vista, o que mais fez diferença – não especificamente falando da parte desportiva – foi a flexibilidade de horários, por exemplo, uma mesma matéria ser oferecida em diferentes horários no mesmo dia ou em dias alternados, de forma que montar a carga horária e até, se for o caso, trabalhar ou treinar se torna mais fácil, ou até mesmo se formar com mais de uma graduação. Na parte desportiva certamente o oferecimento de bolsas – por mérito desportivo -, a organização dos campeonatos e naturalmente a exposição nos mídia, o que faz vender a modalidade, e atrai novos talentos.
Como é trabalhar a dieta de atletas brasileiros? De maneira geral eles já possuem noção sobre a própria dieta ou o trabalho é iniciado do zero?
É muito bom. Alguns vêm com uma boa bagagem de conhecimento e são necessários apenas alguns ajustes e outros com menor conhecimento em que é muito importante – não só em trabalho com atletas – explicar o método, escutar, montar a dieta junto com o atleta e, neste processo – de confeção da dieta junto com o paciente – ir explicando do porquê das modificações – se realmente for necessário -, em função do objetivo, fase de treinos e preferências alimentares.