
“Desconcertante”, surreal ou incompreensível! (Faça-se uma pequena declaração de interesses sobre o texto que se segue… onde não temos rigorosamente nada contra a cidade de Coimbra e os seus agentes desportivos, neste caso, do polo aquático).
A dinâmica arrasta-se há anos. Muitos anos mesmo! Existem dois clubes locais de polo aquático. Um na zona oriental, outro na zona ocidental. Parece aquele anúncio do produto que lava as frigideiras de paella onde a freguesia de cima tenta ganhar… à freguesia de baixo. Pelo meio duas piscinas do melhor que há (Uma na Pedrulha, outra junto aos Covões), onde os clubes treinam de forma isolada (Cnac e Académica).
Ainda existe em Coimbra a olímpica, um espaço brutal de condições técnicas invejáveis, naquela que será considerada a melhor piscina do país e onde (imaginamos nós) seria possível realizar jogos a contento de todos (A Federação já lá organizou fases de apuramento para o Europeu).
A realidade é que os dois clubes nunca se entenderam. Existirão raízes históricas e até políticas, mas, no caso do polo aquático será, na nossa opinião, uma perda de tempo e de gastos inúteis que nunca vão levar a lado nenhum. As razões são várias: Pouca solidez nos projetos, escolas de formação sem continuidade, poucos ou nenhuns treinadores locais habilitados com os cursos exigidos (Paulo Tejo será mesmo a exceção) e, sempre muita obstaculização a se evoluir no melhor sentido do termo.
As equipas surgem, os miúdos aparecem, o potencial será até elevado, mas… os projetos não avançam, no que ao polo aquático diz respeito.
Por gentileza de um grande dinamizador local (Marques Pereira), segue-se uma foto ilustrativa ainda na piscina olímpica descoberta (anos 80). Da esquerda para a direita… Rui Aragão, Francisco Xavier, Vítor Gameiro, Marques Pereira, Rui Tejo, Miguel Matias, Jorge Mota, Alexandre Gameiro, Luís Breda, António Martinho, Adriano Pião, Paiva, Toni Gustavo Rodrigues, Nuno Santos e José Araújo.
Não vou identificar o clube da fotografia propositadamente! A sigla interessará pouco! Mas gosto muito da foto. Esta foi também ela uma equipa de enorme talento, mas… que se ficou por isso mesmo!
Imagine-se, por mera sugestão, que ambos os clubes se juntam. Não pensem só em vocês! Pensem na cidade, pensem na reformulação de projetos, no coordenar sinergias e numa perspetiva mais reforçada para o polo aquático. Já sei que vão dizer que não pode ser, os regulamentos, a história, mais do mesmo! Criem objetivos, trabalhem com a vossa associação territorial, tratem de um nome motivador (Coimbra Waterpolo… por exemplo) e trabalhem… juntos. O polo aquático (não se esqueçam) é excecional em tudo e podem (se houver interesse nesse sentido) abrir-se exceções, também a nível federativo. Falem com as partes, organizem-se, façam diferente.
Na minha modesta opinião, é mesmo muito importante que a cidade de Coimbra tenha polo aquático de nível superior. E acreditamos que todos os clubes assim o desejam. Não se trata de favorecer ninguém, mas antes reconhecer que só com um polo aquático de norte a sul do país as coisas vão para a frente e se consolidam.
Termino referindo dois nomes que imortalizam as duas piscinas referidas (Rui Abreu e Luís Conceição), ambos muito recordados nas várias gerações de nadadores e por inerência dos também jogadores que as utilizam.
Talvez a palavra consenso seja sempre muito difícil de alcançar, mas aqueles dois históricos da natação conseguiram-no! Acreditamos que seja possível, também no polo aquático.
PS: Já agora, nesta foto não há ninguém que esteja disponível para mudar o paradigma existente? Querem tentar?