Jorge Camarneiro: “Se alguém saiu prejudicado em todo o processo foram os sócios da ITMOV”

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Jorge Camarneiro, sócio-gerente da ITMOV, Lda, reagiu este sábado, nas redes sociais, à notícia avançada pelo Chlorus sobre as suspeitas que recaem sobre o Campus Aquático de Montemor-o-Velho, considerando que “se alguém saiu prejudicado em todo o processo foram os sócios da ITMOV que ainda hoje estão a arder com a maior parte dos valores investidos naquele projeto”.

O responsável pela empresa imobiliária fez duras críticas à atual Direção da FPN, referindo que esta tem “recorrido a afirmações públicas pouco abonatórias, quer para com a ITMOV quer para com os órgãos sociais anteriores, mas tais estremeções aparecem sobretudo nos momentos das assembleias-gerais da FPN, em que não têm coragem de assumir ter sido os autores dos prejuízos para a Federação”.

Camarneiro mostra-se favorável à auditoria forense, que vai avançar em breve, pois, segundo este, será possível “apurar os verdadeiros responsáveis da perda registada”, acrescentando ainda, em jeito de conclusão, que “não seria nada mau que devolvessem alguns objetos que surripiaram do Campus Aquático no momento em que o abandonaram!”

Veja, na íntegra, o comentário de Jorge Camarneiro num grupo de Montemor da rede social do Facebook:

“Tendo sido mencionado no texto acima publicado, e tendo a consciência de que a verdade é bastante diferente da que se pretende divulgar, não posso deixar de prestar alguns esclarecimentos:

  1. Em 2010, na presença do Comité Olímpico Português e do então presidente da Câmara de Montemor, reunidos em Montemor-o-Velho, a direção da FPN, na pessoa do seu presidente, pediu-me para eu lhe propor uma estrutura para um Centro de Alto Rendimento de natação de águas abertas, com serviços de alojamento, alimentação, treino e recuperação;
  2. Desafio que eu aceitei, tendo sugerido a atual localização do Campus Aquático, ainda sem obras nem equipamentos, que foi aceite pela esmagadora maioria dos elementos dos órgãos sociais;
  3. Deve ser realçado que a Federação esteve sempre ao corrente dos preços de aquisição da casa, das obras e dos equipamentos, tendo participado ativamente na sua seleção e acompanhado a sua realização;
  4. Dado o valor da intervenção final no edifício, com recuperação e ampliação significativas das respetivas áreas e introdução de valências específicas (jacuzzi, sala de fisioterapia, equipada, crioterapia, piscina), assim como de cozinha industrial completamente apetrechada, sala de refeições, sala de convívio, lavandaria, 9 instalações sanitárias, aquecimento central, ar condicionado, painéis solares, Wi-Fi em todo o território, mobiliário para todos os quartos e divisões, sanitários, sistema de segurança anti-fogo, churrasqueiras, estacionamento para uma dúzia de automóveis e jardim, entre outras coisas, foi estabelecido um modelo de negócio que possibilitava à FPN o pagamento do valor final em 5 ou 6 anos, beneficiando ainda de um apoio a fundo perdido do PRODER, modelo considerado por esta bastante vantajoso;
  5. A intervenção realizada foi traduzida num valor de compra e venda, acrescentado dos juros bancários previstos para os cinco/seis anos seguintes, e condições de pagamento que viabilizavam o negócio para a Federação e para a empresa, que havia assumido um esforço elevado, mas que não ficava com grande margem de lucro no final;
  6. Aliás, o articulado do Contrato de Promessa de Compra e Venda do imóvel e equipamentos (é disto que se trata), a realizar no decurso de 5/6 anos foi elaborado e proposto à ITMOV pela assessora jurídica e serviços financeiros da FPN, tendo merecido a aprovação de ambas as partes;
  7. E como em qualquer contrato de promessa de compra e venda, previa o pagamento de um sinal e respetivos reforços em condições lisas e transparentes;
  8. Posto isto, só pode por em causa o valor das instalações, a correção do negócio e a boa-fé da ITMOV, quem nunca lá entrou ou quem estiver de má consciência sobre o que foi decidido a seguir;
  9. Entre 2011 e 2013, a FPN ocupou as instalações como melhor entendeu, não tendo a ITMOV nada a ver com o número de atletas e treinadores ali alojados, limitando-se a garantir a limpeza, manutenção, pensão completa e perfeito funcionamento da unidade;
  10. No final de 2012, houve eleições na FPN e ganhou uma lista hostil aos anteriores órgãos sociais, dando de imediato início ao processo de contestação do CAR de Montemor, apostando tudo em Rio Maior. Ou seja, foram os órgãos sociais vitoriosos que tomaram a decisão de abandonar Montemor e rasgar o contrato devidamente assinado, perdendo os valores já entregues, como é habitual nestas coisas, e não os órgãos sociais derrotados, a quem posteriormente se tem pretendido imputar tal responsabilidade;
  11. É certo que os órgãos sociais vitoriosos (já vão no segundo mandato) foram insistindo na recuperação dos valores entregues a título de sinal, apesar de saberem que não têm qualquer base legal para o efeito! Outras vezes, têm recorrido a afirmações públicas pouco abonatórias, quer para com a ITMOV quer para com os órgãos sociais anteriores, mas tais estremeções aparecem sobretudo nos momentos das assembleias-gerais da FPN, em que não têm coragem de assumir ter sido os autores dos prejuízos para a Federação;
  12. Finalmente, se há guerras internas por resolver na FPN, pois que as resolvam nesse contexto e não envolvam quem não tem nada a ver com o assunto. Se alguém saiu profundamente prejudicado em todo o processo, foram os sócios da ITMOV, que ainda hoje estão a arder com a maior parte dos valores investidos naquele projeto, sem terem podido obter o retorno que estava contratualmente comprometido. Ficou provado que nem todos os intervenientes nas disputas e guerras federativas (no desporto nacional) têm noção do interesse público, malbaratando centenas de milhares de euros sem qualquer hesitação!
  13. Ah, em relação à tal auditoria forense, não sei por que esperam os mesmos senhores, já passaram 6 anos desde que se foram embora e até seria bom que houvesse uma auditoria, pois daria para apurar os verdadeiros responsáveis da perda registada;
  14. E não seria nada mau que devolvessem alguns objetos que surripiaram do Campus Aquático no momento em que o abandonaram!”

Créditos da foto: Jorge Camarneiro Facebook

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