Falemos de coisas mais positivas. Para além do fairplay, diversão e troca de experiências obviamente esperados por todos os atletas, eu, como espectador atento, anseio pelos recordes pessoais e nacionais dos atletas portugueses, pelas medalhas disputadas ao centésimo por todos os nadadores e pelos pedaços de história que se vão escrevendo a cada recorde mundial que for caindo. E podem realmente cair alguns.
O Mundial de Gwangju é a primeira grande competição daquele triénio sempre fortíssimo da natação mundial constituído pelos Jogos Olímpicos e pelos mundiais de longa que se realizam no ano anterior e posterior a estes.
Desta forma, Gwangju será quase que uma preview daquilo que podemos ver nos Jogos Olímpicos de 2020, ao passo que 2021 será a confirmação do brilho das estrelas que nascerem em Tóquio bem como a passagem de testemunho de outros atletas para as novas gerações.
Analisando um pouco mais aquela que será a montra da natação mundial durante 8 dias de competição, seguem então os meus prognósticos:
Natação Feminina:
50 e 100 Livres:
Os nomes grandes que vêm à cabeça são Sarah Sjoestroem e as irmãs Campbell. No entanto é preciso não esquecer que também assim era em 2016 e 2017 e, no entanto, no Rio 2016, as campeãs olímpicas foram, respetivamente, Pernille Blume e Simone Manuel empatada com Penny Oleksiak. Acredito que as campeãs olímpicas tenham uma palavra a dizer, mas o meu palpite vai para Sarah Sjoestroem nas duas, pois não só apresenta dos melhores tempos do ano em ambas as provas como tem apresentado enorme consistência. WR alert sobretudo nos 50L.
200, 400, 800 e 1500 Livres:
Em 2017, Pellegrini quebrou a invencibilidade de Katie Ledecky nos 200L. Foi uma das surpresas dos campeonatos. Pellegrini voltou a nadar bem os 200L recentemente, mas nesta prova Katie Ledecky e Sarah Sjoestroem (se nadar) são respetivamente a campeã e vice-campeã olímpicas, pelo que lhes dou o favoritismo, embora também Ariane Titmus possa lutar pela vitória. Aliás, a australiana já fez um grande tempo este ano que se mantém como líder do ranking mundial, portanto não será surpresa se levar o ouro. Ainda assim, penso que Ledecky quererá fazer o pleno nas suas provas e não facilitará nos 200, portanto a minha aposta vai para ela.
Nos 400 Ledecky não tem tido rival desde 2013. O seu recorde do mundo está na casa dos 3.56, e sem fatos de poliuretano ela era a única a baixar dos 4 minutos. Isso mudou recentemente com a jovem sensação australiana Ariane Titmus a fazer no ano passado, e este ano, um tempo na casa dos 3.59. A expectativa é que dê alguma luta a Ledecky e talvez isso a faça subir o nível para chegar a um recorde do mundo.
Nos 800 e 1500L o domínio da americana é tão grande que provavelmente nem dá para postar nela nas bolsas de apostas. O ouro é dela, se não existir uma desclassificação ou um azar. Algumas nadadoras chinesas parecem querer dar-lhe luta num futuro próximo, mas seria absolutamente surpreendente e chocante se uma Ledecky ao seu melhor nível perdesse estas duas provas. WR alert sobretudo nos 400, 800 e 1500L
50 Costas:
As provas de sprint são sempre uma lotaria. De facto, os 50 costas feminino parecem estar em aberto. A chinesa Fun Yanhuiu ou a sua compatriota e recordista mundial Liu Xiang podem efetivamente chegar à medalha de ouro. A sempre perigosa Etiene Medeiros, já vice-campeã do mundo em 2017, pode também bater na frente. Será que Kylie Masse consegue fazer a tripla em costas? Esta prova não tem uma destacada favorita, mas vou apostar em Etiene para a vitória. WR alert.
100 e 200 costas:
A canadiana Kylie Masse parece ser um nome consensual e seguro para levar de vencida ambas as provas. Nos 100 é líder do ranking mundial sempre em cima do recorde do mundo que pertence a Kathleen Baker. De facto, esta americana deveria até ser considerada favorita à vitória mas estou em crer que Masse pela sua incrível consistência e por demonstrar o seu melhor quando é realmente importante, vai vencer esta prova. Mas é preciso ficar de olho nas respectivas compatriotas destas atletas também a competir na prova. Tanto a estrela canadiana Taylor Ruck como a americana Olivia Smoliga podem chegar ao título. WR alert.
Os 200 parece ser uma prova muito renhida. Pelo historial e currículo a lógica diz-me para apostar em Kylie Masse, no entanto é a italiana Margherita Panziera que é a líder do ranking mundial. Aliás o seu ano de 2019 tem sido de sonho, com recorde pessoal atrás de recorde pessoal, liderando o ranking com 2.5.7, mas tendo já nadado várias vezes para 2.6. Quem se pode intrometer na luta é a incrível recordista mundial júnior dos 100 costas Reagan Smith. De facto, esta nadadora, por força da equipa americana ter sido escolhida em 2018, não vai nadar a sua melhor prova, os 100 costas, mas pode chegar à medalha nos 200. Espero não dar um tiro no pé e vou escolher Panziera for the win.
50, 100 e 200 Bruços:
HERE WE GO! Digam o que disserem para amenizar a rivalidade entre ambas, é impossível que depois de tudo o que foi dito, e das mútuas provocações, que Lilly King e Efimova sejam as melhores amigas. Esta provavelmente é a grande rivalidade do mundial. King é recordista mundial dos 50 e 100 bruços e não se desembaraça mal nos 200. Já Efimova é top 3 das melhores de sempre nos 50, 100 e 200B. Lilly King tem ganho todos os confrontos sem excepção nos 50 e 100 bruços desde o Rio 2016. Nos 200 bruços a americana nem sempre participa e Efimova tem ganho as principais competições. Este ano na Champions Series deu Lilly King. E no mundial? Bem a lógica diz-me que deveria apostar Lilly King nos 50 e 100…mas nem sempre optamos pelo que é lógico. Vou dividir o mal pelas aldeias e dizer que Lilly King vai ganhar os 50, mas que Efimova ganha os 100 bruços. Cuidado com a absurdamente talentosa italiana Benedeta Pilato. Tem apenas 14 anos, mas está em 3º no ranking mundial e já foi campeã da europa de juniores este ano. Está naquela idade em que as quedas de tempo são sucessivas e não ficaria totalmente surpreendido se ganhasse o ouro, embora seja a primeira grande competição da sua ainda curta carreira.
Grande questão nos 200B. Efimova vai ou não participar? A russa ficou em 3º nos trials russos mas perdeu com uma júnior que poderá optar por apostar no mundial de juniores em agosto. Se nadar, a minha aposta vai para ela, se não nadar aposto em Lilly King. Pena que não vamos ter a líder do ranking Annie Lazor, por não se ter qualificado para o mundial. Dark Horse: Ye Shiwen. WR Alert nos 200B.
50 e 100Mariposa:
Sarah Sjoestroem sem contestação. A sua principal adversária, a adolescente sensação japonesa Rikako Ikee, está infelizmente a recuperar de uma Leucemia, sendo inclusive uma incógnita para Tóquio 2020. WR Alert nos 100M.
200Mariposa:
Prova totalmente em aberto. Está tão em aberto que quero apostar em Catarina Monteiro. Ainda assim, e apesar de acreditar em algo muito especial para a atleta portuguesa, sei que o ouro estará na casa dos 2.5 ou melhor. A líder do ranking é Hali Flickinger seguida de perto pela alemã Franziska Hentke. Qualquer uma das duas pode ganhar, mas eu vou apostar na vitória de uma atleta que tendencialmente só se mostra nas provas importantes, a campeã olímpica Mireia Belmonte. Tem conseguido mostrar o seu melhor nível quando realmente importa e por isso pode novamente chegar ao ouro.
200 e 400 Estilos:
Depois de um ano de 2018 muito conturbado para Katinka Hosszu, parece que 2019 veio trazer novamente as boas marcas e a consistência de excelência que não conhecia rival até final de 2017. Penso que irá ganhar as duas provas, com alguma luta, sobretudo nos 400E onde a japonesa Yui Ohashi pode surpreender. Também a canadiana Sydney Pickrem pode lutar pelo ouro. Nos 200E pode ser a oportunidade para a nadadora da casa Kim Seoyong levar uma medalha para o seu país, na ausência do multi medalhado olímpico Park Tae-Hwan. Ainda assim penso que ninguém conseguirá negar o ouro à dama de ferro.
4x100Livres:
Esta prova era de caras para a Austrália com um grande WR Alert. Contudo há dois dias o 4º elemento da estafeta decidiu, por razões pessoais desconhecidas, desistir da sua participação no mundial. Ainda assim a Austrália tem algumas boas soluções no plantel para colmatar esta saída. Às irmãs Campbell e a Emma Mckeon poderá juntar-se Maddie Wilson que não deverá enfraquecer muito esta estafeta. A minha aposta é vitória para as australianas, com alguma luta dos EUA.
4x200Livres:
Por incrível que pareça após uns trials australianos fortíssimos, o quarteto ozzie vinha com reais hipóteses de vencer a medalha de ouro. E de facto ainda mantêm alguma esperança que tal aconteça. No entanto a nadadora que desistiu de competir e que saiu da estafeta dos 4x100L (Shayna Jack) era uma peça importante nesta prova. E desta forma os 4×200 estão equilibrados entre as australianas e as americanas. Nova oportunidade para assistir a um duelo Titmus vs Ledecky que tornará esta prova ainda mais interessante de acompanhar. Vou apostar em EUA para o ouro.
4X100Estilos:
A luta será entre as suspeitas do costume: EUA, Australia, Canadá e Russia. Favoritismo claro para os EUA que podem chegar inclusive ao recorde do mundo. WR alert.
Natação Masculina:
50 Livres:
Seria bonito se Bruno Fratus ganhasse. Depois de uma lesão que motivou cirurgia e uma paragem de alguns meses, tem feito os melhores tempos do mundo. A sua consistência é incrível e é um exemplo de superação. Nadou para o melhor tempo do ano numa etapa do Mare Nostrum com 21.31. Mas por mais que queira escrever que o ouro é seu, sinto que eventualmente ganhará o bronze ou na melhor das hipóteses a prata.
Pois é… não há hipotese… ele está de volta e vem com tudo: Dressel. Os tempos que fez em em carga ao longo da época, por comparação com 2017, fazem-me sonhar com uma performance mítica deste nadador. Uma performance daquelas que falaremos daqui a 10 ou 20 anos, como falamos de Thorpe em Fukuoka, de Phelps em Melbourne e Pequim, e claro, do próprio Dressel em 2017. O nadador americano não aparece com o melhor tempo do mundo mas os indicadores que tem demonstrado e o seu talento surreal fazem-me acreditar num novo recorde do mundo. Mas os 50L são sempre relativamente imprevisíveis e na verdade Ben Proud é o nadador que mais rápido nadou sem fatos de poliuretano, mas nunca o fez numa final. A minha aposta é Dressel com uma partida ainda melhor que 2017 para ser o primeiro nadador da história é nadar na casa dos 20 segundos em piscina longa, sem fatos. Dark Horse: Michael Andrew para pódio. WR Alert.
100 Livres:
HERE WE GO 2.0! Quanto a mim é a prova dos campeonatos. Os 100L é a prova rainha da natação mundial. Este “facto” provavelmente é contestado por muitos fãs que dirão que os 50L são a prova rainha, por ser a mais parecida com os 100m do atletismo, ou pelos admiradores de Phelps e os seus duelos nos 200L em 2004, mas sobretudo durante 10 anos nos 200E com Ryan Lochte. Mas a história diz-nos que os 100L são sem margem para duvidas “A PROVA”.
De um lado vamos ter o super talento e campeão Olímpico (ainda enquanto Júnior) o australiano Kyle Chalmers. Do outro lado o Campeão mundial em título em longa e em curta, Caleb Dressel, que tem melhor recorde pessoal que australiano. Estes dois nadadores têm captado o nosso imaginário no que diz respeito a esta prova sobretudo depois da reforma de James Magnusson e da dificuldade de Cameron Mcevoy replicar o seu recorde mundial têxtil de 47.04.
Será que a luta destes dois nadadores os vai levar onde nenhum atleta chegou sem fatos? O segundo 46 está a porta e parece sentir-se que pode ser este o mundial em que se quebra a barreira dos 47 segundos. Quem vai vencer? Dressel é muito mais veloz que Chalmers nos primeiros 50 metros, sendo que Chalmers já conseguiu fazer a segunda metade da prova nuns ridículos 24.21. Qualquer um poderá chegar à vitória e os dois são capazes de produzir o seu melhor sob os holofotes de um campeonato do mundo.
A minha aposta é Dressel, numa prova muito renhida com Chalmers em que se não ganhar um, ganha o outro com um deles a terminar ainda dentro do segundo 46. Dark Horse: Grinev da russia. O nadador russo tem o segundo tempo do rakning mundial e pode surpreender. Conseguirá o brasil um pódio nesta prova por Marcelo Chierighini? WR Alert.
200, 400, e 800 Livres:
Penso que serão as provas onde brilhará Sun Yang. Apenas lidera o ranking dos 400m. Nos 200L os nadadores russos aparecem bem colocados no ranking sendo que um deles até o lidera. A prova está em aberto mas sinto que Sun Yang terá apenas 3 adversários à altura: o lituano Danas Rapsys, o britânico Duncan Scott e o australiano Kyle Chalmers. Apesar de Sun Yang aparecer apenas em 6º no ranking mundial, não nos podemos deixar enganar, uma vez que é o campeão olímpico e mundial em titulo. Aliás a facilidade com o chinês nada para 1.44, sendo que nenhum outro nadador neste mundial quebrou 1.45, antevê que o ouro seja seu. Dark Horse: Townley Haas. O americano nunca falhou nas estafetas tendo inclusivamente no currículo parciais de 1.44.1, e de 1.43.7. Se rendesse na prova individual o que já rendeu em estafeta poderia chegar ao título. Dark Horse 2.0: Andrew Seliskar. Nadador com evolução tremenda nos últimos 18 meses. Melhor americano em 2018, pode também intrometer-se na luta pelo ouro.
Nos 400L Sun Yang lidera o ranking mundial e o seu recorde pessoal é quase 2 segundos melhor que qualquer outro nadador. Aliás em 2012 ficou apenas a 7 centésimos de segundo do recorde mundial nadando em 3.40.14. Desde aí tem nadado consistentemente para 3.41, algo que só Mack Horton conseguiu fazer quando venceu Sun Yang nos jogos de 2016. No entanto o australiano não se tem apresentado bem nos últimos dois anos e não me parece que consiga desafiar o chinês pelo ouro.
Nos 800L, prova nova do calendário olímpico o nível subiu muito. Sun Yang tem claramente o melhor recorde pessoal e no passado tem controlado a prova a belo prazer para ganhar com facilidade. Este ano está em 9º no ranking mundial mas mais uma vez é um ranking mentiroso. Se se sentir em condições de nadar o chinês participará na prova para vencer e nesse caso a minha aposta será nele. Terá pela frente adversários de peso nomeadamente Gabriel Detti, Mykhalo Romanchuk e Florian Wellbrock. Qualquer um dos 3 poderá vencer e apresentando-se em crescendo. Se não nadar Sun Yang a minha aposta vai para Gabriele Detti.
1500 Livres:
O ano passado o rei perdeu o seu trono. Falo, claro está, de Gregório Paltrinieri. Mas o italiano tem-se mostrado novamente a um bom nível liderando o ranking mundial com uma grande marca. No entanto os seus desafios mantêm-se tendo como adversários Mykhalo Romanchuk e Florian Wellbrock com vontade de o manter afastado da sua coroa. A luta intensa entre, pelo menos, estes 3 nadadores pode leva-los a um tempo muito próximo do recorde mundial, sendo que a minha aposta vai para Paltrinieri. WR Alert
50 Costas:
Tal como na prova feminina a disputa do ouro está em aberto. Michael Andrew lidera o ranking mundial com 24.39, mas o fenómeno Kliment Kolesnikov estabeleceu um novo recorde mundial o ano passado quando ainda era júnior com a marca de 24.00. Morozov é sempre perigoso nesta prova e Ryan Murphy é o recordista americano com 24.24. Quem vai levar o ouro? A minha aposta é Kolesnikov tornando-se o primeiro a nadador na casa dos 23 segundos. WR Alert
100 Costas:
Dos nadadores em disputa do ouro o campeão olímpico Ryan Murphy e o campeão mundial em título Xu Jiayu são os únicos que já nadaram para 51 segundos. Aliás Murphy é o recordista mundial da prova mas o chinês tem apenas 1 centésimo de segundo pior que ele. Logo atrás deles temos Matt Greevers o veterano nadador ex-campeão olímpico com recorde pessoal de 52.08, e os russos Rylov e Kolesnikov com marcas de 52.5. Murphy por norma não falha nos grandes momentos. A lógica diz-me para o escolher pelo que tem mostrado esta época. Mas também a lógica me diz para escolher o chinês que é líder do ranking e apresenta enorme consistência. Qualquer um pode ganhar, mas vou optar por fazer uma aposta arrojada e escolher Kolesnikov para vencedor. Poderá ser o campeonato da afirmação para o nadador russo em busca do seu primeiro título mundial em piscina longa. WR alert.
200 Costas:
O único nadador que se tem apresentado realmente consistente e a evoluir todos os anos é Evegny Rylov. Penso que vai ganhar a prova, mas com luta forte de Ryan Murphy e de um novamente em forma Mitch Larkin. Dark Horse: Ryosuke Irie. O veterano japonês é sempre uma ameaça ao pódio nesta prova.
50 Bruços:
Começo por dizer que acho que Adam Peaty vai ganhar. Mas sinto que não será tão fácil como em outros anos e que vai ter luta fortíssima dos brasileiros Felipe Lima e João Gomes Jr. que são respectivamente os segundos e terceiros melhores de sempre nesta prova. Aliás o nadador britânico está em 3º no ranking atrás dos dois nadadores brasileiros. Ainda assim… como apostar contra Adam Peaty? WR Alert
100 Bruços:
Adam Peaty ponto final. WR alert
200 Bruços:
Prova muito competitiva e totalmente em aberto. Chupkov já nadou para 2.6.8 ao passo que Watanabe é o recordista do mundo com 2.6.67. Dos dois, o russo é o que nada mais regularmente perto do seu recorde pessoal. Muitos nadadores na casa dos 2.7 tornam esta prova imprevisível. Vou arriscar em Mathew Wilson correndo o risco de dar um tiro no pé. O nadador australiano é muito jovem e tem apresentado uma curva de evolução muito interessante estando em terceiro no ranking. Nadou para 2.7.16 tendo dado uma entrevista logo a seguir a dizer que ia ser campeão mundial em Gwangju com novo recorde mundial. Vamos ver se consegue cumprir aquilo que vaticinou. Dark Horse: James Wilby é outro nadador com um recorde pessoal na casa dos 2.7.5 e que tem apresentado uma evolução bastante acentuada recentemente, tendo vencido os sempre difíceis trials britânicos. WR alert.
50 Mariposa:
Aos 38 anos perto de fazer 39 Nicholas Santos é um verdadeiro caso de estudo e a principal referência desta prova. É certo que Govorov é recordista mundial, mas é o brasileiro que tem feito manchetes pelas suas marcas e regularidade em piscina longa. É de assinalar a facilidade com que nada em 22 segundos. O ano passado cometeu a proeza de se tornar o mais velho recordista mundial quando estabeleceu nova marca mundial em piscina curta tendo também ganho o título mundial em piscina de 25 metros.
Perto dos 40 anos apresenta-se numa forma invejável com um corpo que desafia qualquer jovem presente no mundial. É o homem a bater nesta prova. Ele possui talvez a melhor partida do mundo, e tem tirado partido disso. Por tudo o que já fez nesta prova e por ser o título que lhe falta, Nicholas merecia o ouro. No entanto a minha aposta vai para um super Dressel que em 2017 ficou no 4º lugar, tendo sido a única prova em que participou e não levou o ouro. Os principais adversários desta dupla são Govorov, Benjamin Proud e Oleg Kostin. Qualquer um pode chegar ao ouro embora o americano e o brasileiro partam na pole position. Dark Horse: para pódio porque não apostar em Michael Andrew ou Sebastian Sabo? Ambos com recorde pessoal abaixo dos 23 segundos.
100 Mariposa:
Dressel, Dressel, Dressel! A questão é: será que volta nadar em 49 segundos batendo desta vez o recorde mundial de Michael Phelps? Eu estou em crer que Dressel não só vai bater o recorde de Phelps, como vai nadar nuns irreais 49.4 – 49.7. Este recorde que em 2009 parecia intocável vai cair. WR super alert.
200 Mariposa:
Com muita pena não vamos ter o melhor nadador americano e júnior sensação desta prova a competir por não se ter apurado em 2018. Seria fantástico ver Luca Urlando contra Kristof Milak, jovens nadadores muito talentosos e que prometem incendiar Tóquio 2020. O húngaro Milak tem sido o único a nadar constantemente para 1.52 e 1.53 e será campeão mundial a não ser que Chad Le Clos, Kenderesi ou Daiya Seto se consigam intrometer. Qualquer um tem capacidade para vencer mas Milak é claramente o favorito. Conseguem imaginar o festejo de Chad Le Clos se ganhar? Milak tem a juventude, o talento e o recorde pessoal do lado dele e portanto a minha aposta é no nadador húngaro.
200 e 400 Estilos:
Os 200 estilos é uma prova relativamente em aberto desde que Phelps e Lochte estão longe da competição. Com a ausência de Kosuke Hagino, ambas as provas perdem um dos principais candidatos à vitória. Parece-me justo que o favoritismo recaia sobre o actual campeão mundial em título das duas provas, o americano Chase Kalisz. De facto se repetir os seus recordes pessoais de 1.55.4 e 4.5.8, deverá ser suficiente para vencer. A questão é se apresentará esse nível uma vez que competiu apenas por 3 vezes esta época, apresentando-se fora do top-5 do ranking mundial.
Nos 200 estilos, Mitch Larkin já nadou este ano para uns excelentes 1.55.7 sendo que se os repetir pode torna-lo no novo campeão mundial terminando uma hegemonia americana que dura desde o mundial de 2003. Nos 400 estilos a luta será com o japonês multifacetado Daiya Seto, líder do ranking mundial e ex bicampeão mundial. O americano foi companheiro de treino de Michael Phelps e assinou a semana passado com a marca de natação do campeoníssimo nadador olímpico. Com algumas dúvidas vou apostar em Kalisz para vencer as duas provas pela garra que tem demonstrado em grandes competições.
4×100 Livres:
É a minha prova preferida. Temos sido presenteados com momentos memoráveis nesta estafeta. Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012, Barcelona 2013 e Rio 2016 representaram sempre momentos épicos. À cabeça 4 selecções podem ganhar esta prova: EUA, Rússia, Itália, Brasil. Mas há apenas 3 lugares no pódio. O sonho do Brasil parece beliscado pelo caso Gabriel Santos. A Itália parecia super equilibrada mas também teve problemas com Vergani. A Rússia parecia estar na polé position com o seu quarteto e os EUA são sempre favoritos a disputar o ouro. Neste momento os americanos parecem estar em posição mais favorável para ganhar. Nas Universiadas 3 americanos fizeram tempos incríveis nesta estafeta sendo que um deles também vai estar em Gwangju. Os EUA parecem estar reforçados este ano por Dressel, que não me dá outra hipótese que não apostar na vitória americana.
4×200 Livres:
Estafeta em aberto. O Brasil estabeleceu novo recorde mundial em piscina curta mas ainda não mostrou esse nível em piscina longa. Os Russos e os Australianos aparecem com vários nadadores nas posições cimeiras do ranking mundial. Ainda assim os americanos, apesar de não terem ganho no ultimo mundial, são sempre uma ameaça e mais uma vez a minha aposta recai sobre eles. Dressel pediu para nadar a estafeta pelo menos nas eliminatórias. A sua presença ainda é uma incógnita, mas quem sabe não acrescenta ainda mais qualidade a uma estafeta que já tem Seliskar, Haas, Pieroni e Apple.
4×100 Estilos:
Será este o ano em que os EUA são destronados sem ser por desclassificação? As vitórias têm sido cada vez mais apertadas nesta estafeta muito por culpa de um parcial menos bom no percurso de. O Reino Unido tem sido quem se aproxima mais de vencer exactamente porque tem em Adam Peaty um percurso de bruços de outro mundo. No entanto o percurso de costas dos britânicos é neste momento de 53.8, contra uns possíveis 51.8 dos americanos. É uma grande diferença que Adam Peaty normalmente consegue reverter. O que acontece é que Dressel nadará o percurso de mariposa contra um também excelente James Guy, mas estou em crer que a diferença de Dressel para o britânico será o suficiente para fazer Game Over, uma vez que normalmente o ultimo percurso dos americanos é muito semelhante ao dos britânicos com Duncan Scott. A minha aposta é EUA mas não será estranho se os Britânicos ganharem.
Provas Mistas:
4×100 Estilos e 4×100 Livres:
Penso que os EUA repetirão os títulos de 2017 em ambas as provas. Nos 4x100E podem ter luta do Reino Unido e sobretudo da Austrália. Nos 4x100L não seria de estranhar se os australianos ganhassem por força da qualidade feminina, mas falta-lhes um segundo elemento masculino que possa fazer neste momento frente aos americanos. Acresce ainda o facto, de que, por não ser prova olímpica, os australianos não levam tanto a sério os 4x100L mistos. WR alert em ambas as provas.
Armada Portuguesa:
Não querendo colocar pressão desnecessária nos nadadores que vão estar em ação a representar o nosso país, ainda para mais sendo amigo da maioria deles, penso que todos têm condições para chegarem aos seus recordes pessoais nas provas que nadarem.
Em muitos casos os seus recordes pessoais serão consequentemente recordes nacionais e eventuais mínimos A de participação em Tóquio 2020.
Partilho da opinião do selecionador nacional e sei que os nadadores acreditam que é possível obter 5 posições de top-16, ou mais. Arrisco dizer que top-12 é um objetivo real para a estafeta.
O meu desejo é que tenham a ambição para conseguirem alcançar as melhores classificações possíveis, tendo em mente que não é de todo impossível a presença numa final para alguns dos atletas.
Que seja um campeonato repleto de sucessos para todos, à semelhança do que aconteceu em Budapeste, e que consigam regressar todos a Portugal com passagem carimbada para Tóquio 2020.
Boa sorte a todos!