
Em 1956, deu-se o maior escândalo desportivo do País passado no desporto português. Fernando Madeira, na piscina de S. Bento, teve um gesto agressivo com um dirigente da FPN. Levaram o caso à Direção deste organismo e aplicaram a Fernando Madeira um castigo de três anos.
Salvou-se de uma irradiação por ter sido considerada a sua carreira de nadador. Este episódio contribuiu para o encurtamento da sua trajetória de atleta. Apenas estava autorizado a competir em provas de representação nacional para as quais fosse selecionado. Tal aconteceu em 1957 e 1958. O castigo não tinha ação sobre competições internas do Algés, sendo estas também utilizadas pelo nadador para manter a sua atividade física.
Como funcionário da Robbialac Portuguesa, foi considerado como não Amador por representar esta firma numa digressão por África Portuguesa. Este é outro episódio triste, com uma decisão injusta.
Madeira e Eurico Surgey, a partir da época de 1959, em que a Direção da FPN deliberou considerar os nadadores como não amadores, ao abrigo dos seus Regulamentos Desportivos, ficavam inibidos de participarem em provas ou exibições reservadas a Amadores.
Esta resolução foi tomada depois da digressão dos nadadores pela África Portuguesa. Os dois nadadores eram funcionários, há anos e com funções definidas, da Robbialac Portuguesa, e não como contratados para esta digressão.
A Federação considerou que os dois nadadores foram utilizados como instrumentos de propaganda de uma empresa e que tal situação também era permitida pelo regulamento da FINA.
Muita tinta se gastou com este processo com o Ministro da Educação Nacional. Até hoje este assunto não teve resolução.

Recordes que somou no seu historial
Os primeiros seis anos da década de 50 foram os mais progressivos e melhores da sua carreira, a qual finalizou em 1960.
Uma coincidência interessante: o primeiro e o último dos recordes nacionais absolutos foram conquistados a Mário Simas.
Um caso curioso a respeito ao derrube de máximos: Mário Simas deteve o mais apetecível registo português de velocidade durante cerca de duas décadas, nos 100 livres, em 1950, na inauguração da Piscina de S. Bento, viria a reduzir a dos 100 livres, de 1.00.6 para 1.00,2.
Por curiosidade, o célebre minuto foi ultrapassado em 5 de Agosto de 1960, na Figueira da Foz, por Herlander Feiga Ribeiro, que percorreu a distância do hectómetro em 59.6.
Fernando Madeira, quanto a recordes nacionais absolutos, conquistou seis numa só época: 300, 400, 500, 800, 1000 livres e na estafeta de estilos 4×100 estilos.
Nos anos seguintes foi só somar novos máximos, obteve muitos triunfos em provas de mar e rio, Tejo, Monchão da Póvoa, Caxias, Paço Arcos, Sesimbra, Cascais e da célebre travessia de “Quadalquivir” em Espanha.
Fernando Madeira, nadador olímpico em Helsínquia, e jogador de polo aquático, nos mesmos Jogos, Europeus e Mundiais e recordista ibérico nos 100 mariposa. Uma história digna de nosso registo eterno.