Fernando Madeira, nadador que revolucionou a natação em Portugal nos anos 40 e 50

 
  

Após um longo tempo ausente de vos contar histórias sobre temas ligados à modalidade e como temos que estar em casa, fui fazer uma visita ao meu baú. E não é que fui encontrar uma figura de grande relevo que passou pela modalidade e que fez história, que merecer a ficar a perpetuar na história da natação portuguesa.

Quero, com este testemunho, recordar alguém que não precisa da mínima apresentação. Esse alguém está entre nós e deve ser lembrado. Esse senhor chama-se Fernando Esteves Madeira.

Pessoa muito ligada à natação nacional e internacional. Foi também um conceituado colaborador em vários órgãos de informação desportiva.

Fernando Madeira, com menos de 10 anos idade, ingressou nas escolas do seu clube de sempre, Sport Algés e Dafundo.

Estreou-se em competições num festival interno do clube e, diga-se, começou da melhor maneira este início das suas primeiras braçadas a dar nas vistas, com dois triunfos nas distâncias de 33 metros (era o comprimento da piscina) nas técnicas de livres e bruços, com marcas a darem nas vistas aos seus monitores.

A partir desse dia e durante mais de 20 anos, a natação não deixou de estar na primeira linha do seu pensamento. Teve um gosto e uma paixão e de um entusiasmo enorme por este tão saudável desporto.

Teve como seu monitor e treinador o grande responsável por toda a sua evolução, como nadador, homem para uma sociedade melhor, esse senhor chama-se Hermano Patroni, o homem que ensinou meio Portugal a nadar.

A sua estreia competitiva oficial foi em 1947, num ambiente fora do seu clube, na cidade de Coimbra, na piscina flutuante, colocada no Rio Mondego.

O seu entusiasmo pela modalidade foi crescendo. Em maio de 1947, alcançou o seu primeiro recorde de Portugal, este integrado na estafeta de 3×100 estilos, na categoria de iniciados. Teve como parceiros Eduardo Barbeiro (costas), João Bichinho (bruços) e Fernando Madeira (livres).

Nesse ano teve o seu primeiro recorde individual na categoria de iniciados, 100 metros livres (1.08.6).

Fernando Madeira era um exemplar nadador, levava tudo a seu último pormenor, na sua constituição física, que lhe proporcionava uma maior facilidade de progredir como nadador exemplar.

Na altura, por ordem da DGS, os nadadores de iniciados, principiantes, por lei não podiam participar em provas que fossem além de 200 metros. Até que na sua primeira competição internacional, com 16 anos, teve que ter uma autorização especial pela DGS para poder participar na prova dos 400 metros livres no encontro internacional entre Espanha e Portugal, realizado em Palma de Maiorca, em 1946. Tinha nessa altura 16 anos.

Neste encontro classificou-se em quarto lugar, com marca de 5.39,1, que lhe valeu os maiores elogios, por parte dos nossos “hermanos” espanhóis. Que viam no jovem nadador, um promissor na natação europeia.

1950, ano do derrube do mito “Crocodilos do Tejo – célebre equipa de Alhandra”

Foi na clássica travessia entre Trafaria e Algés, no ano de 1950, que se assistiu a uma das mais renhidas lutas pela conquista do triunfo na clássica prova, entre o mítico vencedor que era Batista Pereira e o jovem nadador do Algés, este que teve como seu guia o seu treinador Patroni, raposa velha neste tipo de provas, que levou o seu nadador pelo melhor rumo, até a poucos metros da meta, situada mesmo defronte do posto náutico do clube. Triunfo do jovem nadador, pela diferença de 17 segundos, entre os dois nadadores.

Foi a primeira derrota dos conhecidos por “Crocodilos do Tejo”, como eram tratados os nadadores alhandrenses, pelos seus domínios constantes em provas do rio e mar, que era constituída por Batista Pereira, Jofre de Carvalho, Manuel Pinhão e outros.

Nesta prova que também participei, pelo Adicense, a equipa do Algés era composta com a base da sua equipa de juniores: Fernando Madeira, Eduardo Barbeiro, Eurico Perdigão e Ezequiel Gameiro das Neves.

Foi um feito assinalável que premiou e aumentou o entusiasmo dos jovens algesinos para as provas futuras,

Um autêntico “papa” recordes

Fernando Madeira foi um autêntico semeador de novas marcas absolutas nacionais. Era uma melhoria constante de novas marcas, desde os 200 metros até aos 1500 livres. Superou da lista de recordes o nome de Batista Pereira.

Era uma figura ímpar, tendo sido um dos jovens desportivos eleitos como o melhor do ano 1950. Foi atleta de eleição.

Foi um semear de títulos e recordes, uns atrás de outros desde 1947 e fins de 1958. Somou qualquer coisa como 78 recordes absolutos.

Para todos, este sucesso muito contribuiu Hermano Patrone que foi treinador durante 18 anos.

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