O Movimento das federações desportivas assumiu esta quarta-feira que quer tornar-se um protagonista fundamental no desporto nacional e ser um interlocutor daqueles que definem as políticas da área em Portugal.
“Queremos saber o que o desporto vale em termos sociais”, esclareceu o presidente da Federação Portuguesa de Natação, a quem coube elencar os pilares do movimento, que pretende afirmar social, política e economicamente o desporto.
António Silva revelou que os membros do Movimento consideram que as federações desportivas são a génese da organização desportiva e, como tal, devem ser o parceiro fundamental do Governo, e defendeu que é preciso redefinir o papel e a representatividade das várias instâncias desportivas nacionais.
“Há uma sobreposição clara das organizações desportivas nacionais, dependentes do financiamento do Estado”, sublinhou, apontando ainda a reavaliação de modelos e autonomia das federações, a formação de recursos humanos e a definição do papel das diferentes instituições no alto rendimento como outras prioridades da iniciativa.
Salientando o facto de, pela primeira vez, haver um conjunto de federações congregadas num Movimento, o presidente da Federação Portuguesa de Atletismo reconheceu que estas querem ser ouvidas como interlocutoras por aqueles que definem a vida desportiva nacional.
“Sabemos que isoladas valemos poucas, mas que juntas podemos ter outra voz. Não somos nenhum movimento político, mas sabemos que estamos a participar num processo político. Não temos grandes dúvidas que este movimento vai crescer e que vamos associar a maioria das modalidades. Queremos que este movimento seja claramente integrador”, disse Jorge Vieira, esclarecendo que o Movimento não pretende ser “oposição política a nada, nem ninguém”.
O máximo responsável pelo atletismo português lembrou ainda que, historicamente, “o desporto nunca teve, a nível orçamental, o peso que devia ter”.
Já o presidente da Federação Académica do Desporto Universitário, Daniel Monteiro, frisou que o Movimento pretende alertar “para a desvalorização constante a nível social, económico e político do desporto” e que quer assumir-se como “um pilar essencial no desenvolvimento social do país”.
“As federações querem definir metas, querem definir o caminho para atingir o topo e resultados de excelência. Para isso é preciso alargar a base”, concluiu.
O presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo, Delmino Pereira, justificou o ‘timing’ da iniciativa com a evolução do desporto.
“As modalidades que estão a ter mais sucesso são as que têm recursos humanos mais qualificados, e isso custa mais dinheiro. Exige mais treino, mais acompanhamento e isso exige mais investimento. As pessoas não querem vir para este mundo do desporto amador, não estão dispostas a ser voluntárias”, explicou.
O Movimento congrega oficialmente a Federação Académica do Desporto Universitário, a Federação de Ginástica de Portugal, a Federação Portuguesa de Atletismo, a Federação Portuguesa de Canoagem, a Federação Portuguesa de Ciclismo, a Federação Portuguesa de Judo, a Federação Portuguesa de Natação, a Federação Portuguesa de Ténis de Mesa e a Federação de Triatlo de Portugal.