Alexis Santos lançou este sábado um esclarecimento sobre um “post” que partilhou na sexta-feira sobre os apoios estatais relacionados com a medalha de bronze que conquistou no Europeu de 2016.
Esclarecimento: Na sequência do post anterior, quero, em primeiro lugar, agradecer a todos pelas respostas e apoio que senti nestas horas e, também, desde já pedir as mais sinceras desculpas por um lapso meu no referido post. Na sequência do mesmo, houve algumas pessoas que vieram falar comigo, entre as quais o atual Adjunto do Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Nuno Laurentino que, na tentativa de esclarecer a situação – o que desde já muito lhe agradeço -, me transmitiu que o prémio já me teria sido pago no final do ano 2017/início de 2018. Assim, fui verificar novamente as entradas da minha conta bancária, de modo a garantir que não estava a cometer qualquer injustiça.
Nessa verificação constatei que havia, de facto, entrado na minha conta 2.200€ por essa altura, valor esse que eu (erradamente) julguei que corresponderia a prémios da Federação relativamente a uma outra competição, já que o valor não era o que eu estava à espera (2.500€).
Deste modo, venho esclarecer o seguinte:
1) O prémio não demorou 2 anos a pagar, mas sim 1 ano e 8 meses;
2) Conforme a lei, o “prémio base referido no nº 4 é reduzido para 80% ou 90%, com arredondamento para a centena de euros imediatamente inferior”, no caso da periodicidade dos campeonatos da Europa ou do Mundo (no caso da natação, apenas de piscina longa) ser anual ou bienal, respetivamente. O que, neste meu caso, se traduziu numa diminuição de 300€, ou seja, 12% do prémio base;
3) Ou seja, já não bastava o prémio ser o que é, como ainda nos retiram 10 ou 20%, sendo que é impossível recebê-lo integralmente, pois os campeonatos do Mundo ou da Europa NUNCA se disputam com uma periodicidade superior. E, para além disso, os valores ainda são arredondados para a centena de euros inferior – neste meu caso, com a retirada de mais 50€. Isto só me faz pensar que quem na altura produziu (na vigência do governo anterior) esta legislação não estaria minimamente dentro da realidade do desporto nacional…
Em conclusão, mais uma vez peço desculpa pelo meu lapso, agradecendo a resposta e apoio de toda a gente. No entanto mantenho como válido todo o espírito do que escrevi, já que seja 1 ano e 8 meses, sejam 2 anos, são ambos prazos inconcebíveis para o pagamento de um prémio de 2.500€ (valor já de si exíguo, ainda para mais com um corte entre 10 e 20%, no caso 12%) por uma medalha de bronze num Campeonato da Europa.
Como nota final: Não seria altura de se reverem os prazos de pagamento e, principalmente, esta legislação, tão obviamente injusta?
Post anterior:
Faz hoje dois anos que, em representação de Portugal, ganhei uma medalha de bronze num Campeonato da Europa de piscina longa, 31 anos depois de Alexandre Yokochi ter ganho, para o nosso país, a primeira e única medalha até à data num Campeonato da Europa de piscina longa.
Mas, dois anos depois, ainda estou à espera de receber o prémio governamental a que tenho direito… isto, ainda por cima, numa altura em que o governo baixou o prémio relativo a uma medalha de bronze para 2.500 euros, cerca de 1/3 do valor que existia anteriormente…
Estas são as realidades a que um atleta de alto rendimento está exposto constantemente, sendo que a maioria das pessoas que tomam estas decisões não fazem a mínima ideia do que é preciso para ganhar uma medalha de bronze num Campeonato da Europa, nem dos anos e anos de trabalho e sacrifício que são necessários para chegar a esse patamar… não é de 4 em 4 anos nem de 30 em 30 anos… é todos os dias!
Felizmente estou numa posição em que não dependo desse dinheiro para seguir a minha vida/carreira, mas a verdade é que nem todos os atletas conseguem ter a estabilidade financeira que eu neste momento tenho – e todo o dinheiro é crucial para a continuação das suas carreiras nas respectivas modalidades.
Com este texto o meu objetivo é apenas alertar todas as pessoas ligadas ao desporto em Portugal para a falta de respeito que existe em relação aos desportistas de alta competição.
E a verdade é que nós todos, atingindo os nossos objectivos ou não, por tudo o que damos pelas nossas modalidades e pelo nosso país, merecemos esse respeito.