(Des)Localizar o polo aquático português!

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Todos sabemos das dificuldades de implementação do polo aquático em Portugal. Mesmo em 2017, após vários anos a “partir pedra”, os projetos extinguem-se numa velocidade aterradora e verifica-se neste momento uma clara crise de concretização de várias componentes. Estamos a falar do que todos falam em surdina (treina-se pouco, os clubes continuam sem alicerces sólidos, muitas associações territoriais nem sequer têm polo aquático e não vislumbram vir a ter e o polo aquático feminino precisaria de reflexão (ainda) mais urgente).

Mesmo assim, há bons jogadores (as), as seleções trabalham, os campeonatos seguem o seu curso normal e, portanto, o que se escreve atrás até pode parecer contraditório. Não nos parece. Defendemos claramente um aumento no número de equipas e com projetos alicerçados e defendemos claramente a prática do polo aquático de norte a sul do país. Sem isso, seremos uma modalidade periférica, de bairro e de teor paroquial com todas os constrangimentos que daí advém.

Recentemente a FPN realizou na cidade da Guarda a fase final da Taça de Portugal para femininos e masculinos. Pelos relatos chegados foi uma excelente jornada e a FPN trabalhou de forma eficaz perante a satisfação de todos os intervenientes. Apenas um senão mesmo que indireto. Na Guarda, apesar da excelente piscina não há polo aquático. Podíamos falar de outras cidades. Nas Beiras, por exemplo, Viseu tem um complexo de piscinas fabuloso, mas também não se pratica o polo aquático. E poderíamos indicar muitos outros exemplos, de norte a sul do país.

Obviamente as coisas não são nada fáceis. E o texto não quer criticar, mas sim antes ajudar ou encontrar caminhos para se chegar mais longe. Deixemos à reflexão três pontos que nos parecem fundamentais, a saber:

  1. a) Localizar todas as piscinas em Portugal que possuem as condições para a prática oficial do polo aquático e sinalizá-las junto das respetivas Associações Territoriais e FPN;
  2. b) Criar uma bolsa de treinadores com formação adequada que possam estar interessados na sua eventual deslocalização para estes locais, estabelecendo bases para a criação de projetos válidos com as respetivas autarquias no que ao polo aquático diz respeito;
  3. c) promover em função de b) o desenvolvimento de politicas de intervenção e desenvolvimento desportivas que preconizem novos conceitos na comunidade aquática como sejam subsídios de deslocação ou prémios de recompensa a escolas de natação que iniciem o polo aquático, entre outros.

Por último, alicerçando os três pontos anteriormente referidos, dignifique-se a atividade do treinador, que será sempre a mola real de todo o processo. Poderia deixar vários exemplos, mas escolho um – do extinto Portinado – onde Evgenii Trubetcoi fez trabalho meritório.

Apresentar convites dignos e projetos com a validade necessária resolveriam certamente muitas destas questões. Haverá vontade (política) para que tal aconteça?

P.S. Parabéns ao Fluvial Portuense e ao Paredes, vencedores, respetivamente, em femininos e masculinos da Taça de Portugal

Foto: Facebook da FPN

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