Da conversa de café à realização da primeira convenção de gestão e organização em piscinas

 
  

Foi numa conversa de café entre Aldo Costa, presidente da Associação Portuguesa de Técnicos de Natação (APTN), Carlos Custódio e Rui Santos (APTN Gestão), que nasceu a ideia de realizar uma convenção de gestão e organização em piscinas.

“Precisávamos, no contexto da APTN, de uma estratégia de aproximar as pessoas da comunidade técnica. Fomos fazendo encontros locais, questionários e artigos. Ficou muito claro do café: as funções do diretor-técnico é uma das mais complexas em termos de agente desportivo. Exige formação, momentos como este. O coordenador técnico é um líder de equipa”, afirmou o líder da APTN na abertura da primeira edição, realizada este domingo no Multiusos de Gondomar.

Com cerca de 200 participantes, o evento teve, na primeira mesa redonda, o seu ponto alto com o tema “Liderança para os desafios de futuro em piscinas”.

José Pedro Sarmento expôs dados estatísticos sobre a prática desportiva na população, evidenciando que as pessoas com mais de 55 anos são o segmento que o País se deve focar, porque é o que se mais aproxima da média europeia (10 para 25 por cento). “Se queremos melhor neste índice, é que aqui que temos de apostar”. Longe da média europeia estão as outras faixas etárias.

“Há 50 anos não treinava tanto como treino hoje. Esta geração é viciada em desporto”, referiu o ex-professor académico, de 67 anos. “O nosso grande desafio é neste grupo etário de 55 anos”, reforçou.

Por sua vez, Pedro Soares (Cidade Social) focou as suas preocupaçõesnos mais jovens e nas disponibilidades de espaço nas infraestruturas desportivas. “Se convencermos os miúdos a praticar desporto, onde vão fazer desporto depois das 17h00? Infraestruturas estão super lotadas. Na natação, as piscinas, durante o dia, podem ser utilizadas noutras horas. Há que criar aulas obrigatórias e que o Estado dê formação a quem implementa estes programas, como obrigar empresas a dar tempo para atividade desportiva”, referiu Pedro Soares acrescentando que é importante “criar comunidades de prática nas piscinas, com o foco do exercício físico”.

José Silva, em representação do Município de Gondomar, apontou os seniores como a faixa etária em maioria nas piscinas, que no passado não se registava. “Hoje temos zero infantários nas piscinas, mas por outro lado, por exemplo em Rio, temos os seniores que não tínhamos antes. A instalação é mesma. No futuro terão de ser pensados outros projetos de estrutura. Cada vez mais as piscinas são meios de socialização. As pessoas vão à piscina também para conviverem. As piscinas não foram preparadas para isso”, apontou o responsável pelas piscinas de Gondomar.

A formação dos professores de natação também esteve em cima da mesa. José Pedro Sarmento considerou que “deve ser a APTN a definir critérios de formação”.

Para Pedro Soares, seria importante os professores de natação terem uma formação diferente dos treinadores: “Os cursos de professores não vão além da formação do nível 1. Podem não querer ser treinadores. Temos de mudar modelo de profissão”.

Já José Silva, que revelou ter 65 professores de natação nas sete piscinas municipais, considerou ser “muito importante serem realizado bons estágios de formação”.

O tema “Eficiência e sustentabilidade multitécnica”, os workshops “Otimização financeira em piscinas”, “Atendimento ao público em piscinas”, “Manutenção de piscinas de uso público” e “Segurança e Salvamento em Piscinas”, comunicações técnicas livres e conferência de funções do diretor-técnico/coordenador/gestor completaram o programa desta primeira edição que fechou com a presença do australiano Wayne Pollock, presidente da International Swim School Association.

Mais de 10 mil leitores não dispensam o Chlorus.
Fazer jornalismo de Natação tem um custo e por isso
precisamos de si para continuar a trabalhar e fazer melhor.
Torne-se nosso assinante por apenas 10€ por ano e
tenha acesso a todos os conteúdos Premium.



Comentários