A Federação Portuguesa de Natação viveu recentemente mais um ato eleitoral que conduziu António José Silva a mais um mandato como presidente da FPN.
Em início de novo ciclo olímpico, o plano estratégico desta Direção parece manter e consolidar políticas lançadas aquando da tomada de posse para o primeiro mandato. Conceitos como massificação e democratização da Natação são frequentes no discurso desta Direção, o aumento do número de praticantes é um facto, o que nem sempre se traduz num aumento de qualidade geral dos atletas e das condições que os clubes têm para os formar.
O projeto Portugal a Nadar parece estar para ficar e ainda é muito cedo para tirar ilações da implementação dos mesmos. A formação dos técnicos e a criação de condições de treino que permitam o desenvolvimento da prática da Natação, a sua sustentabilidade e, por fim, o alto rendimento desportivo são capítulos importantes que o recém eleito procura não descurar, mantendo o contacto competitivo com o alto nível internacional, uma cultura de exigência, metodologias adequadas para atingir um nível de rendimento compatível com os nossos adversários.
A verdade é que o Polo Aquático viveu um dos seus ciclos mais intensos da sua história que acabou com uma participação brilhante da sua seleção sénior feminina no último Europeu da modalidade em Belgrado.
E agora? Queremos mais? Claro!!! Será que o trabalho que os clubes e as seleções desenvolvem é suficiente para ir de encontro com as expetativas explícitas no plano estratégico desta Direção? Ou será que a única forma de sermos competitivos é optar por “comprar” uma seleção de formação espontânea como fazem alguns países endinheirados e com muita ilusão olímpica. Não me parece, vejamos alguns exemplos:
O Brasil, nesta última olimpíada, contratou o melhor treinador do Mundo Ratko Rudic, naturalizou dois ou três sérvios, profissionalizou a equipa, participou nos principais eventos internacionais e estagiou com as melhores seleções do mundo. A selecção masculina ficou em 8.º lugar e a seleção feminina no último. Melhores resultados de sempre, mas terão sido suficientes para colmatar as expetativas criadas e o investimento feito e depois dos Olímpicos o que ficou?
Em Londres, o mesmo esquema, o mesmo projeto para as seleções de Polo, a seleção masculina e a feminina ficaram em último lugar!
Em Pequim, masculinos em último, a seleção feminina, honra lhe seja feita, arranca um 5.º Lugar, já prometia desde o Campeonato do Mundo Júnior realizado no ano anterior.
Em Atenas, a história já foi outra, a Grécia, sendo um país tradicionalmente forte no Polo Aquático, sagrou-se vice campeã olímpica em femininos e arrancou um 4.º Lugar nos masculinos, assim como em Sydney em que a seleção feminina australiana foi campeã.
Acho que estes exemplos são suficientes para perceber que o rendimento desportivo não se compra, constrói-se, demora anos, muitos mais que um ciclo olímpico e principalmente perduram e são consistentes no tempo. Não há dúvida que estes países elevaram o seu nível de jogo, mas quando chega a hora da verdade vem ao de cima a cultura desportiva, o hábito, a história e principalmente a experiência de ganhar.