As primeiras provas em Portugal de águas abertas

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A Natação, mais ou menos organizada, apareceu em Portugal, por iniciativa do Real Ginásio Clube Português, que no ano de 1902 inaugurou uma escola na Praia da Trafaria, local situado na margem sul do Tejo.

Nessa época, esta praia servia para a família da casa Real fazer as suas épocas de praia, que em simultâneo organizava as suas aulas de ensino da prática da natação. Nesta época, tinha como grande impulsionador o Rei D. Carlos.

Escolas essas que mais tarde passaram para um tanque de 60 metros, que exista no Colégio da Casa Pia de Lisboa, situada na Cerca dos Jerónimos, um pouco mais abaixo da Ermida dos Jerónimos, no Restelo, onde hoje está o Estádio do Restelo.

Local que no ano de 1925 serviu para o primeiro Portugal- Espanha, de preparação dos nadadores portugueses com vista aos Jogos Olímpicos de 1928.

Foi em outubro de 1906, Antes sequer da fundação da Liga de Natação, que se disputou, na Praia da Baía do Alfeite, o denominado primeiro Campeonato Nacional, que era constituído pela prova da Meia-milha, prova está que era na altura encarada como grande desafio à capacidade atlética dos nadadores, o que só no mar seria testado.

Rei D. Carlos, um apaixonado pelos desportos náuticos, entre eles a natação, fazia questão de estar sempre presente, inclusive ele era o maior patrocinador destas iniciativas, oferecia os prémios a todos os que concluíssem a prova.

Oito clubes fizeram-se representar com 10 nadadores: Real Velo Club do Porto – Artur Rumsey; Clube Mário Duarte (Aveiro) Mário Duarte; Ginásio Clube Figueirense – António Sousa Monteiro; Real Associação Naval – Manuel Ávila, Fernando Costa; Liga Naval Portuguesa – João Lima Mayer; Real Clube Naval – Carlos Lacombe; Ateneu Comercial -Francisco Marçal; Real Ginásio Clube e Português- Eduardo Sherley e Álvaro Lacerda.

No dia da prova, de Lisboa foi posto à disposição do público vapores, cedidos pela empresa proprietária das carreiras de Lisboa à margem sul, além de inúmeros barcos particulares que ajudavam a criar um ambiente de um grande dia de festa, na Baía do Alfeite.

O próprio Rei viu a prova da Meia-milha a bordo do seu iate.

A partida foi executada na hora da praia-mar, sempre vigorosamente, com várias mudanças e com bom ritmo. O triunfo foi alcançado pelo nadador nortenho Rumsey. Seguido por António Monteiro e Francisco Marçal.

No final, o Rei D. Carlos ficou tão entusiasmado com o espetáculo que convidou todos os nadadores para outra prova, mas esta a ser disputada no mar e com uma distância de Milha e Meia, a realizar-se em Cascais.

Nesta competição apenas participaram dois nadadores, o portista Rumsey e António Monteiro, Ginásio Figueirense, que se lançaram à água na Praia do Forte Velho do Estoril, sendo acompanhados por todo o percurso por elevado número de embarcações que davam muita vida à competição, a mais longa da história da natação na altura. A chegada foi em Cascais, com Artur Rumsey muito distanciado sobre o seu único adversário António Monteiro, ambos muito aplaudidos por uma enorme assistência que se juntou na praia.

O monarca, muito entusiasmado pelo feito de ambos, ofereceu-lhes Alfinete de Brilhantes e Safira.

Após esta prova houve uma interrupção muito longa, havendo apenas competições disputadas nas docas, dos rios Lisboa, Rio Tejo, Setúbal, Sado, Mondego, Coimbra Leixões e no Douro.

Nesta face de interregno, os entusiastas portistas lançaram um desafio aos lisboetas, para todos os anos a realização da prova dos 500 metros em Leixões, cujo primeira edição foi em 1907. A partir desta data, foi criada a Liga de Natação. Após o nascimento da Liga houve um interregno até 1917, ano em que se recomeçou, prolongando-se para sempre, cujas realizações eram efetuadas em todo o país, onde havia entusiasmo pela modalidade.

As cidades de Lisboa, Porto e Coimbra foram uma rampa de lançamento de provas nos seus rios. Como não havia piscinas, as docas e rios eram os locais das aprendizagens de centenas de pessoas por época.

Assim, nasceram as grandes travessias em vários locais: Porto, Lisboa, Coimbra e Setúbal.

10 outubro, data da implantação da República

Foi nesta altura que foi criada a Liga de Natação, houve um interregno até 1916 em que se recomeçou, prolongando-se para sempre, cujas realizações eram efetuadas em diferentes locais em Lisboa, na muralha da Junqueira, e no Porto, na doca de Leixões, com provas de 500m, eram estas que faziam a abertura das épocas na altura. Era uma forma de fazer propaganda da modalidade.

A cidade de Lisboa aproveitou as suas docas afluentes ao Rio Tejo onde se iniciaram as escolas de natação Bom Sucesso, Belém, Santo Amaro, Alcântara, Jardim do Tabaco e Xabregas. Na cidade do Porto, iniciaram-se as provas da Travessia de Campanhã até à Foz e à largura do Rio entre Gaia e a Ribeira.

A Natação do Porto teve uma figura muito importante, como nadador e dirigente, o patrono Alfredo Rumsey, o homem que desenvolveu a modalidade no Porto e fundador do FCP.

Rodrigo Bessone Bastos – primeiro nadador em Portugal de longas distâncias

Em 1916, as suas travessias ficaram famosas. Venceu a primeira travessia do Douro, que foi a maior manifestação desportiva na cidade com um percurso de 8500m entre Campanha e a Foz, com muitos milhares de curiosos e adeptos da modalidade, alguns deles a pé pelas duas margens. Antes desta prova, o avô do Tony teve o seu primeiro triunfo na travessia do Bugio a Santo Amaro.

Nosso primeiro grande fundista distinguiu-se por vencer quatro vezes a Travessia do Porto a Nado e um número significativo de travessias do Tejo.

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