Há cerca de dois anos tive a meu cargo a orientação de uma equipa de andebol no designado “desporto escolar” no escalão de juvenis, representando a minha escola da altura – “Secundária de Baltar”, apurada para as fases finais da competição.
Quatro equipas, árbitros a sério, jogadores seniores de andebol a verem os jogos, técnicos de renome a orientarem as respetivas equipas e ali estava eu, o verdadeiro “outsider” que aproveitei para conversar e tirar os demais ensinamentos.
Uma das equipas, a vencedora, pertencia a uma escola de Braga e os jogadores eram já reveladores de nível técnico fora do comum. Abeirei-me do treinador e pudemos falar sobre o treino, os procedimentos e não foi difícil perceber o elevado nível de organização existente. Os jogadores estavam sinalizados desde logo pela equipa técnica do ABC, eles e outros de outras escolas de Braga e arredores, num esforço conjunto entre profs do estabelecimento de ensino e os modelos de jogo aplicados no clube. A maioria daqueles jogadores já era praticamente do ABC… E a sua grande base de apoio (do ABC) será a formação contínua de jogadores, a sua escola, o seu legado. Serão alguns destes atletas que mais tarde representarão o clube nas competições de seniores.
Todos sabemos que no polo aquático ninguém terá o gabinete técnico do ABC, mas quando se faz a “ponte” entre o clube e as escolas tente-se substituir o estabelecimento de ensino pelas designadas “escolas de natação” e o processo será mais ou menos idêntico.
Sinalizar, captar, orientar e desenvolver um conjunto de procedimentos que nos possibilitem rapidamente criar as bases do futuro jogador deverá ser um caminho (obviamente custoso) para que se possa definir um eventual denominado projeto.
No caso do polo aquático, sigam-se os passos um a um e talvez se consiga ir mais longe.
- a) Para sinalizar e captar é necessária boa coordenação e entendimento com as escolas de natação – se existirem no clube ótimo, se não, tentar procurar nas piscinas camarárias vizinhas e estabelecer protocolos de cooperação.
- b) A orientação pressupõe motivar e apelar para um desporto diferente. A bola, as balizas, mostrar e divulgar o jogo mesmo de forma simples e reduzida normalmente pode dar bons resultados. Não é fácil e implica muita disponibilidade para se arranjar o dia, o espaço e os jogadores… mas… consegue-se.
- c) a terceira parte implica dotar o futuro praticante do “básico” que consiste em saber nadar o mínimo e, muito importante, saber respirar e coordenar as duas coisas. Sem isso nunca se conseguirá obter um futuro bom jogador. E será preciso nas lições iniciais nadar muito e coordenar estilos e demais respirações.
Resta falar do mais importante, a formação e a colocação de jogadores em jogo, nas diversas equipas e sobretudo nos seniores. Que idade ótima? Que qualidades deverão apresentar? Que níveis de treino? Alguém tem isto definido? Que projetos? Que é isso dos projetos? (faça-se um pequeníssimo parêntesis para falar da final da Taça de andebol masculina entre o ABC e o Sporting. O Sporting tinha uma equipa quase toda de jogadores estrangeiros e o ABC, mesmo no prolongamento, apresentou-se com muitos jovens das suas escolas… e ganhou o troféu).
E no polo aquático? Fluvial e Paredes jogaram a final masculina e nenhum jovem foi lançado por qualquer dos técnicos! Não se pretende criticar. É apenas… factual… e isto dos eventuais projetos existirem ou não definirá, em última análise, a verdadeira política desportiva do clube e o seu elevado potencial formativo e social que se prolongará no tempo e dotará o mesmo das bases necessárias para se conseguir algo mais.