António Machado, selecionador nacional português, fez uma breve antevisão sobre toda a preparação para o Mundial de Polo Aquático do escalão sub20 feminino que arranca esta sexta-feira e irá decorrer até ao dia 15 setembro, em Coimbra.
Recordar que a seleção nacional portuguesa integra o Grupo C com a África do Sul e a Nova Zelândia, iniciando esta competição diante das sul africanas pelas 20h15.
“A 24 horas da participação da seleção de Portugal no Mundial Sub-20 Coimbra 2023, o selecionador António Machado faz uma antevisão da participação da seleção no Mundial de juniores.
Como decorre a preparação da seleção de Portugal para o Mundial Sub 20 em Coimbra?
Em termos de preparação não há dúvidas que foi algo de novo. As miúdas estiveram 40 dias juntas, algo que nunca tinha acontecido em termos de coletivo de polo aquático. Nunca tivemos essa oportunidade. Foram criadas essas condições de treino, a viagem a Barcelona, a ida a Pontevedra, e a vinda para Rio Maior antes do Campeonato do Mundo em Coimbra foi um trabalho nunca feito antes e como é evidente que nos deixa perspetivas de realizarmos um bom torneio, uma boa competição. Estou absolutamente convencido que a equipa vai estar em Coimbra na sua melhor forma possível. Não tenho dúvidas disso, as jogadoras sentem isso, a equipa sente isso.
Que objetivos pode assumir…
Também não escondo que temos ambição que passa por lutar pelo primeiro lugar na fase de grupos. Sendo realista, recordando que as duas participações de Portugal no Mundial nós nunca conquistámos nenhuma vitória. Portanto, à partida pode parecer excessivo, mas nós acreditamos que é possível e que vai acontecer porque temos a equipa preparada e condições para lutar por vitórias. Estou profundamente convicto disso. Se vamos conseguir nos dois primeiros jogos seria extraordinário porque nos garantia pelo menos a 12.ª posição logo à partida. É com esse foco que iniciamos a competição e depois vamos ver como decorre e como conseguimos contrariar não só as equipas adversárias como a ansiedade que é legitima e compreensível porque Portugal, uma das carências que tem, falta experiência internacional, falamos sempre disso. Temos vindo aos poucos a diminuir esse fosso. Acredito muito nesta geração. É isso que lhes transmito, mas temos de estar focados em que somos capazes de o conseguir.
Na fase de grupos, Portugal defronta a África do Sul (sexta-feira, 20h15) e a Nova-Zelândia (sábado às 20h00), como caracteriza esses adversários?
Sobre a Nova-Zelândia temos alguma informação, porque estiveram presentes num torneio na Hungria onde jogo com a Hungria, EUA, Israel, Itália, Grécia. Assim, tivemos a oportunidade de poder estudar a equipa adversária. São níveis de preparação diferentes. Quanto à África do Sul não temos muita informação, mas eles vivem do mesmo mal porque têm pouco informação da seleção portuguesa. Aquilo que sabemos é que no último mundial de juniores na madeira, perdemos 13-5 frente a África do Sul e perdemos 18-3 frente á Nova Zelândia. Há um fosso que não é fácil de ultrapassar. Estamos cientes disso. Sabemos também que a nossa seleção é bem mais forte que a seleção que esteve na Madeira em 2019. Não pela qualidade das jogadoras, mas pela preparação e por tudo o que tem realizado nestes últimos dois anos com a equipa de juniores que esteve no Europeu em Israel 2022, com muitas deles já a integrarem a seleção absoluta, com uma dinâmica diferente. Se vai conseguir superar esse fosso, depende de muitos fatores. A verdade é que fizemos um brilhante jogo em Espanha, frente às campeãs mundiais, principais favoritas a renovar o título, apesar de perdermos por 10 golos de diferença. Fizemos jogos com a Croácia em Rio Maior com resultados mais equilibrados. Fizemos um bom teste com os EUA. Com o Cazaquistão perdemos por apenas um golo, mas poderíamos ter vencido. Temos de ter mais consistência e acreditar em fazer bons resultados, mas em vencer. Só depois dos dois jogos da fase regular é que podemos ver onde nos encontramos, quais passarão a ser as nossas ambições. Não há lesões, estamos bem preparados vamos acreditar que somos capazes jogo a jogo.
Esta seleção teve alguma limitação?
A jogadora Lídia Rocha, que nasceu em 2005, excelente jogadora, que nos iria ajudar imenso neste mundial, viu-se privada por questões burocratas do nosso país, que não compreendemos. A federação fez tudo o que era possível para conseguir a tempo a naturalização, passar a ser portuguesa, até porque a mãe da jogadora já é portuguesa e ela está em Portugal há mais de seis anos, onde vive e estuda. É portuguesa como qualquer um de nós. E, portanto, vê-se provada de participar, não por uma lesão, mas por aspetos burocráticos. E isso torna-nos, como poderia acontecer como qualquer lesão, a equipa um pouco mais fraca, temos de assumir isso.
A seleção vai jogar em Portugal, o apoio do publico é importante…
Faço um apelo aos adeptos da modalidade, aos portugueses, que estejam presentes que apoiem a seleção do princípio ao fim. Nestes grandes palcos há sempre uma dose de ansiedade e nervosismo que é difícil ultrapassar e o apoio do público é fundamental.”