
Sábado de manhã. Piscina do Fluvial Portuense. Um (grande) conjunto de miúdos abeirava-se dos respetivo (s) treinador (es) e era notório o elevado entusiasmo e alegria da chegada à piscina. Num dos espaços de água previamente “embelezado” para o efeito, sobressaíam duas balizas insufláveis de um amarelo vivo, mais muitas bolas, toucas com números e outros jogadores mais experientes para “apoiarem” os “novos” praticantes.
Perante tão bonito cenário até a mim me apetecia participar! O sábado sempre foi um excelente dia para cativar praticantes, fazer desporto, sensibilizar familiares e, neste caso do polo aquático, divulgar a modalidade. E perante tão entusiasmastes ações e comportamentos, desde logo, naqueles instantes, todo o valor formativo e educativo do polo aquático ficou amplamente demonstrado.
Obviamente, o Fluvial tem vantagens que os outros não terão. São inúmeros os espaços e planos de água que lhe pertencem, o clube tem escolas de natação e tudo está mais ou menos ali ao lado. Tal não quererá dizer que todos os clubes que tem polo aquático não possam realizar jornadas deste tipo e sensibilizar para a prática da modalidade. Será precisa mais persistência e trabalho, mas… consegue-se. E este será sempre um possível primeiro passo para voos mais longos. Acho que depois é que surgem os constrangimentos, o caminho mais ou menos tortuoso, as dificuldades. Aprender o polo aquático não é o mesmo que o andebol ou o basquetebol, citando apenas dois exemplos mais emblemáticos. E a principal dificuldade é saber-se nadar. Será espetacular ver os miúdos entusiasmados com o jogo, com as balizas, com a bola, mas para que desfrutem mesmo há um conjunto de gestos/movimentos básicos que será preciso aprender, estes os quais, muito importante, saber respirar e coordenar a respiração com os movimentos.
Não pretendo dar soluções metodológicas porque cada qual deverá saber o que está a fazer com os jovens praticantes, mas lanço a necessária pergunta eventualmente polémica – onde se aprende a fazer a respiração? e onde se aprende a coordená-la de forma correta com os movimentos? nas escolas de natação? ou nas escolas das especialidades (polo aquático e ou natação sincronizada?) E continuo. Será importante nadar bem antes de aprender a jogar? o que será nadar bem? ou mais ou menos bem?
Na minha experiência de treinador de muitos anos esta será sempre uma questão pouco confortável para solucionar. O polo aquático nunca conseguiu vencer eventuais “fantasmas” do passado com as suas relações mais ou menos atribuladas com a natação. Mas relembro com muita clareza os contactos que pude realizar com o Canoe e com um grande treinador ex-olímpico da seleção espanhola – Felix Fernandez que me dizia muitas vezes que na idade de infantil/juvenil os seus jogadores já nadavam na ordem do minuto, ou 1.02 aos 100 metros livres, o que talvez possa esclarecer eventuais dúvidas.
Adorei ver a ação desenvolvida pelos responsáveis do Fluvial neste sábado. O riso, o divertimento e a boa disposição de todos indiciarão boas esperanças para a continuidade deste fascinante desporto. Que se encontrem e adaptem as melhores estratégias metodológicas, aqui e nos restantes clubes, que possibilitem a verdadeira aprendizagem e filosofia do jogo, os seus gestos básicos, o necessário espírito desportivo e a captação dos media é a mensagem que gostaria de transmitir.
O polo aquático pode ser mesmo espetacular!
Créditos da foto: Facebook do Clube Fluvial Portuense