Agridoce

 
  

Sempre fui um dos que apoiaram desde o primeiro dia o ressurgimento deste grande projeto: Chlorus. Já o era aquando da época em que o Chlorus, à custa de meia dúzia de pessoas, se debatia para trazer as últimas notícias das disciplinas aquáticas a todos os simpatizantes das mesmas, tive pena mas compreendi quando teve de cessar a sua atividade mas sempre acreditei que um dia voltaria e ainda mais forte, mais estruturado, mais sustentado e mais profissional, acreditei porque conheço as pessoas responsáveis pelo projeto, reconheço-lhes competência, experiência mas principalmente paixão, o ingrediente determinante do sucesso deste projeto, o factor x, o “porMaior”, e por sentir e partilhar da mesma paixão aceitei este convite para ser colunista e procurarei não desiludir os mentores nem os nossos leitores.

O Polo Aquático (PA) em Portugal vive um momento agridoce, por um lado, sentindo ainda a ressaca da brilhante prestação da seleção feminina no último Europeu em Belgrado, onde conquistou a melhor classificação de sempre, a modalidade parece estar em estado de graça, por outro, sabemos das dificuldades que os agentes desportivos atravessam, da Federação, passando pelas Associações Territoriais até aos Clubes, seus técnicos e atletas.

Ouvi e li muita coisa durante a participação da nossa selecção feminina no Europeu, os comentários ignorantes, e foram bastantes, não me merecem análise, o que me mais me preocupou foi o pouco aproveitamento por parte dos agentes para capitalizar esta participação, acho que devíamos ter feito mais, mais divulgação/informação por exemplo sobre o PA, nacional e internacional, sobre o trajeto das nossas jogadoras e dos seus Clubes, sobre o esforço inerente das mesmas, mas não aconteceu infelizmente, certamente um maior investimento de recursos nesta área terá de ser feito pelas instituições responsáveis.

Na parte desportiva resta-me parabenizar toda a equipa pela forma como chegaram lá, pelo pragmatismo e foco no objetivo final, sei o quanto é difícil manter os níveis de concentração numa competição tão exigente como esta, senti orgulho nestas jogadoras porque sei o que tiveram que passar para chegar lá e arrancar esta classificação.

E agora? Gosto deste discurso visando já o próximo Europeu em Barcelona, a vontade e ambição em estar lá e fazer ainda melhor, mas não vejo grandes mudanças no dia a dia dos nossos agentes desportivos, como é que queremos resultados diferentes, mais ambiciosos, se não mudarmos os nossos procedimentos? Continuamos a ser poucos, amadores e sem condições de treino similares àquelas dos nossos adversários. Haja vontade de todos para mudar, para ajudar os nossos Clubes e os nossos atletas!

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